Biografia de Reinaldo Ferreira

Nascido em Barcelona, a 20 de Março de 1922, Reinaldo Ferreira, de seu nome completo Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira, era filho do jornalista Reinaldo Ferreira, o celebrado Repórter X
[vide PUBLICO: Memórias dum repórter].

Tendo vindo para Moçambique (Lourenço Marques) em fins do ano de 1941 e aqui feito o sétimo ano dos liceus, por cá se conservou, com raras e breves escapadas à Metrópole, até Junho de 1959, data do seu falecimento.

Em Março do mesmo ano declara-se-lhe um cancro de pulmão que quase fulminantemente o arrebatou.

A pouco mais do que isso se resumirá a biografia de Reinaldo Ferreira, se por biografia entendermos o conjunto de acidentes que mais vulgarmente dão nas vistas. Biografia, portanto, como tantos, quase a não tem ou a tem predominantemente interior. Obra também a não deixou publicada e o melhor que se fez é o que agora aqui se publica. Por ironia do destino o que mais alargou as fronteiras do seu nome foi o que de menos valor ele nos legou: colaboração em algumas revistas musicais, letra de uma ou outra canção de grande êxito, teatro radiofónico, pouco mais. Sabe-se, sabem-no os amigos que com ele mais de perto privaram, que o teatro o seduzia: nele se ensaiara já, sendo certo que exista pelo menos o testemunho de uma (se não mais) sua incursão neste domínio. Muito seria quiçá de esperar neste capítulo, mas para tanto lhe foi pouca a vida.

(In Poemas, Introdução, Imprensa Nacional de Moçambique, Lourenço Marques, 1960)


Sinopse Cronológica

1922 (20 de Março)
Nasce em Barcelona, vindo pouco depois para Portugal.
1941 (Dezembro)
Chega a Lourenço Marques, hoje Maputo.
1942
Acaba, em Lourenço Marques, o 7º ano dos liceus e ingressa, algum tempo depois, nos Serviços de Administração Civil da colónia de Moçambique.
1947/49
Primeiros poemas, vindos a lume esporadicamente, em páginas literárias de jornais locais.
1950
Estreia de «Uma Casa Portuguesa», cujo poema escreve, interpretada pela cançonetista angolana Sara Chaves, num sarau em honra da embaixada do Colégio Militar, de Lisboa, em visita a Moçambique, e que rapidamente se torna num êxito internacional.
1952
Passa a orientar a secção de teatro do Rádio Clube de Moçambique.
1955/56
Começa a trabalhar nos «Poemas Infernais».
1956
Sai o primeiro número (não iria além do terceiro) da revista de Artes e Letras moçambicana «Capricórnio», incluindo poemas seus, entre os quais alguns do «Natal e Paixão de Cristo», e a reprodução do retrato a óleo pintado por João Ayres.
1958
Primeiros sintomas da doença.
1958
Selecciona os poemas que deveriam fazer parte da colectânea «Um voo cego a nada».
1958
Parte para Lisboa, em férias.
1959 (Janeiro)
Regressa a Lourenço Marques.
1959 (Março)
A doença agrava-se e segue para Joanesburgo, a tentar um último tratamento.
1959 (Maio)
Regressa a Lourenço Marques, já sem esperanças.
1959 (30 de Junho)
Morre com um cancro pulmonar.
1959 (1 de Agosto)
Primeira reunião de Eugénio Lisboa, Guilherme de Melo e o dr. Fernando Ferreira, em casa deste último, para a elaboração do livro póstumo dos seus poemas. Está presente Jorge Gouveia, que lhes entrega o espólio literário do Poeta, em seu poder.
1960 (30 de Junho)
É lançada a primeira edição dos «Poemas», por iniciativa do Governo-Geral de Moçambique e através da Casa da Imprensa daquela então colónia e os amigos do Poeta promovem uma romagem ao seu túmulo, onde é colocada uma lousa com um dos seus poemas gravado, em bronze.
1962
É lançada em Portugal, pela Portugália, a primeira edição fora de Moçambique dos «Poemas», precedida de um estudo analítico de José Régio.
1965
É fundado, em Lourenço Marques, o grupo de Teatro e Poesia «Reinaldo Ferreira», que mantém a sua actividade, através de representações teatrais e recitais de poesia, até à independência do país, em 25 de Junho de 1975, data a partir da qual a maioria dos seus fundadores e componentes retorna a Portugal.
(In «Poemas», Vega, Lisboa, 1998 ISBN 972-699-593-0)