António Cabral (António Joaquim Magalhães Cabral) nasceu em Castedo do Douro (Alijó), em 30.04.1931, e faleceu em 2007. Frequentou o curso teológico do Seminário de Vila Real e a licenciatura em Filosofia pela Universidade do Porto. Além de ter sido professor no ensino oficial, destaca-se no seu currículo o jornadear pelo país (centros culturais, escolas do ensino básico, secundário e universitário) e pelo estrangeiro, Galiza e Alemanha sobretudo, falando dos temas que lhe são preferidos: literatura, jogos populares e pedagogia do jogo. Na área pedagógica foi membro do Conselho de Redacção da revista galaico-portuguesa O Ensino. Professor de Cultura Geral, na Universidade Sénior de Vila Real.
Como animador sociocultural, fundou o Centro Cultural Regional de Vila Real (1979) de que foi o Presidente da Direcção até l991. É sobretudo na investigação e organização de festas de jogos populares que a sua acção tem sido mais notória, mesmo depois de 1991, ano em que passou a ser o Presidente da Assembleia Geral do CCRVR. "Expert" do Conselho da Europa no II Estágio Alternativo Europeu sobre Desportos Tradicionais e Jogos Populares (Lamego, 1982) e principal responsável pela organização dos Jogos Populares Transmontanos e Jogos Populares Galaico-Transmontanos, com início respectivamente em l977 e 1983. No âmbito do CCRVR fomentou a vida associativa, promovendo numerosos encontros. No FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis), que antecedeu o Instituto da Juventude, desempenhou os cargos de Delegado do Distrito de Vila Real e Coordenador da Zona Norte (l974-1976). Presidente da Direcção da ANASC (Associação Nacional de Animadores Socioculturais, fundada em 1995, e seguidamente Presidente da Assembleia Geral, função que já não exerce, participando em sucessivos congressos internacionais. Desde Março de 1996 até final de Janeiro de 2004, Delegado do INATEL no Distrito de Vila Real, o que lhe permitiu, segundo a sua inclinação, privilegiar a cultura popular.
No domínio das letras e das artes fundou em Vila Real a revista Setentrião (1962) e Tellus de que foi o primeiro director (1978), e o mensário Nordeste Cultural (1980). Promoveu, através do CCRVR, cinco encontros de escritores e jornalistas de Trás-os-Montes e Alto Douro: em Vila Real (1981), Chaves (1983), Bragança, Mirandela e Miranda do Douro (1984), Lamego, Régua e Alijó (l985) e Vila Real (1997). Agraciado com as medalhas de prata de mérito municipal de Alijó (1985) e de Vila Real (1990). Seleccionado para Maletas Literárias de duzentos livros portugueses, no programa Territórios Ibéricos -2004-2005. Colaboração dispersa por revistas e jornais portugueses e estrangeiros, salientando-se recentemente a colaboração semanal (Novembro de 1993 Janeiro de 1995) no jornal Público, com textos sobre tradições populares, no Semanário Transmontano, com a rubrica Entre Quem É, e ainda no Entre Letras (Tomar), Notícias do Douro e Notícias de Vila Real. Na internet é também um dos autores permanentes do NetBila. Participação em programas de rádio e de televisão, colectâneas escolares, obras colectivas e antologias de poesia como: Poesia Portuguesa do Pós-Guerra, Poesia 71, Oitocentos Anos de Poesia Portuguesa, Hiroxima, Vietname, Poemabril, Ilha dos Amores, O Trabalho, Poetas Escolhem Poetas. Ao Porto colectânea de poesia sobre o Porto, De Palavra em Punho antologia poética da resistência, Antologia Neruda/cem anos depois, etc. Alguns poemas de AC foram cantados por Manuel Freire, Correia de Oliveira e Francisco Fanhais. Prefaciou e/ou fez a apresentação de diversos livros, entre eles, Cantar de Novo, de José Afonso (Tomar, l971) e Ser Torga, de Fernão Magalhães Gonçalves (Porto, 1992), e também de obras de escritores transmontanos com projecção nacional como Bento da Cruz e A.M. Pires Cabral.
BIBLIOGRAFIA
Poesia
Sonhos do meu Anjo, edição
do autor. Vila Real,1951.
O Mar e as Águias, Marânus. Porto, 1956.
Falo-vos da Montanha, edição do autor. Vila Real, 1958.
A Flor e as Palavras, Panorama. Lisboa, 1960. ( 1º Prémio de Manuscritos do SNI
).
Poemas Durienses, Setentrião. Vila Real, 1965.
Os Homens Cantam a Nordeste, Nova Realidade. Tomar, 1967.
Quando o Silêncio Reverdece, Razão Actual. Porto, 1971.
Emigração Clandestina, Centelha. Coimbra,1977.
Aqui, Douro, Direcção-Geral da Divulgação, .Ministério da Comunicação Social.
Lisboa, 1979.
Entre o Azul e a Circunstância. Livros do Nordeste. Vila Real, 1983.
Bodas Selvagens, Tartauga. Porto e Chaves, 1997.
Antologia dos Poemas Durienses, Tartaruga. Porto e Chaves, 1999.
O Peso da Luz nas Coisas, INATEL. Vila Real, 2000.
Ouve-se um Rumor e Entre Quem É, Livros do Nordeste. Vila Real, 2003.
Contos de Natal para Crianças. INATEL. Vila Real, 2003.
Ficção
Festa em Setembro (contos),
Comissão Regional de Turismo da Serra do Marão. Vila Real, l983.
Memória Delta (romance), Editorial Notícias. Lisboa, 1990.
A Noiva de Caná (romance,) Editorial Notícias. Lisboa, 1995.
O Prometeu Agrilhoado Hoje, Campo das Letras. Porto, 2005.
Ficção/Poesia: O Rio Que Perdeu as Margens, Tartaruga. Porto (a sair em 2006.)
Teatro
O Herói, Livraria Paisagem.
Porto, 1975 ( 2º prémio da Academia Teresopolitana de Letras, Teresópolis,
Brasil, em 1964.
Temos Tempo, Matilde, FAOJ. Vila Real, 1976.
A Linha e o Nó, Centelha. Coimbra, 1977.
7 Peças em um Acto ( 4 delas: Temos Tempo, Matilde,Os Muros de Verona, Ouve-se
uma Flauta; Virá um Dia, Virá, Centelha. Coimbra, 1977.)
Semires, Boletim Cultural da Escola Secundária de Camilo Castelo Branco. Vila
Real, 1994.
A Moura Encantada, Urze. Vila Real, 2005.
A Fraga das Dunas, Douro Estudos & Documentos, GEHVID. Porto ( a sair em
2006.)
A peça Os Muros de Verona foi estreada na RTP, em 30.3.1977. Dentre as peças ainda inéditas, destaque para História do Talvez Tristemente Célebre Zé do Telhado para a qual chegou a ser pedido um guião televisivo.
Ensaio
1. Literatura
História da Literatura
Portuguesa Época Medieval, Edições Asa. Porto, 1965.
Morfologia Literária, Porto Editora. Porto, 1971.
Miguel Torga, o Orfeu Rebelde, Núcleo Cultural Municipal de Vila Real, cadernos
culturais -1, Maio de
1977.
2. Etnografia e Antropologia
Cancioneiro Popular
Duriense, Direcção-Geral da Divulgação e Centro Cultural Regional de Vila Real.
Lisboa, 1985.
Jogos Populares Portugueses, Editorial Domingos Barreira. Porto, 1986.
Os Jogos Populares Onze Anos de História: 1977-1988, Colecção Nordeste
Cultural, Centro Cultural Regional de Vila Real, 1988.
Jogos Populares Infantis, Editorial Domingos Barreira, Porto, 1991; 2ª edição,
Editorial Notícias, Lisboa, 1998.
Jogos Populares Portugueses de Jovens e Adultos, Editorial Domingos Barreira,
Porto, 1991; 3ª edição, Editorial Notícias, Lisboa, 1998.
Jogos Populares e Provérbios da Vinha e do Vinho, Casa do Douro. Régua, 1991. (
Este livrinho foi reeditado, com acrescentos, em 2001, na revista Douro -
Estudos & Documentos -11.)
A Cantiga e o Romance Popular no Alto Douro, Douro Estudos & Documentos
12, Porto, 2001 ( com separata, como a publicação anterior.)
3. Ludoteoria
Os Jogos Populares e o
Ensino, Centro Cultural Regional de Vila Real, 1981.
Teoria do Jogo, Editorial Notícias. Lisboa, 1990.
A Imitação e a Competição no Jogo Infantil, Escola Superior de Educação de
Santarém, 1992.
O Modelo Lúdico do Ensino-Aprendizagem, Escola Superior de Educação de
Santarém, 1995.
Tradições Populares I, INATEL. Lisboa, 1999.
Tradições Populares II, INATEL. Lisboa, 1999.
O Jogo no Ensino, Editorial Notícias. Lisboa, 2001.
O Mundo Fascinante do Jogo. Editorial Notícias. Lisboa, 2002.
Brinquedos Infantis, netbila.net - 2006
Nota- As editoriais Domingos Barreira e Notícias pertencem actualmente à Casa das Letras (Lisboa).
BREVES REFERÊNCIAS
Sobre a Flor e as Palavras
«Poeta de pés fincados na terra que pisa, António Cabral sabe que algo mais
existe além dos gestos e os olhares, que "um fresquíssimo luar humanizará
os escombros.»
M.S. in Diário Ilustrado, Lisboa, 16-03-1961
Sobre Poemas Durienses
«A poesia da natureza agita-a uma sintaxe bem articulada, e patente emoção dá
frémito aos poemas, mas o maior mérito vai para as composições onde surge o
homem e o seu drama, e a expressão se condensa.»
João Maia, in Brotéria, Lisboa, Maio de 1964
Sobre Os Homens Cantam a Nordeste
«(...)Com fingimento e simulação, brinco e ironia, ginástica de génio ou
linguagem tradicional da mais genial corrente poética galego-portuguesa essa
que vem do Santillana e passa por Rodrigues Lobo , António Cabral mostra-se
altamente dotado de predicados líricos.»
João Gaspar Simões, in Diário de Notícias, Lisboa, 14-09-1967
«A colectânea revela, assim, uma fase experimental deste poeta, mas é
manifesto, mesmo sob este aspecto, o progresso sobre "Poemas
Durienses", o seu livro anterior, sendo muitos os poemas em que as
palavras e as ideias que aquelas transportam encontraram uma plena realização
rítmica provando que elas, como A. C. de resto firmemente crê, têm ainda alguma
validade e eficiência nesta época do Mundo.»
Nuno Teixeira Neves, in Jornal de Notícias, Porto, 17-08-1967
Sobre a poesia transmontana e duriense
«(...) É inegável que estamos em presença dos dois maiores poetas de
Trás-os-Montes e Alto Douro. E se Miguel Torga, marcado desde muito cedo por um
conflito religioso e existencial, nunca conseguiu libertar-se de uma visão
lírica e telúrica da região natal, António Cabral escreve já uma poesia
realista (na linha da mais representativa modernidade da jovem poesia portuguesa),
onde se significa a realidade geográfica e humana da região duriense.»
Luís de Miranda Rocha, in Suplemento Literário do Jornal de Notícias, Porto,
24-10-1968
Sobre o cantor de combate Francisco Fanhais
«O foco extingue-se. A sala ilumina-se de novo: é o segundo passo rumo à
comunicação total. Vou cantar um poema de António Cabral "A
carta": "Mas que diz a carta, / senhora Maria? / - Pudesse eu falar /
contra a companhia". Pudesse eu falar contra a companhia. E na voz a
vontade inequívoca de caminhar para a acção.»
José António Salvador, in O Comércio do Porto, 17-12-1969
Sobre os cantores do Douro
«Os dois grandes poetas do Douro do Douro vinhateiro, entenda-se são pois
Miguel Torga e António Cabral. Um natural de S. Martinho de Anta (Sabrosa),
outro de Castedo do Douro (Alijó), povoações circunvizinhas ambas da grande
saga do vinho, têm à partida, um e outro poeta, este mérito não pequeno de
cantarem o seu, quero dizer, pôr primeiramente a voz na realidade que os viu
nascer e desde cedo lhes impressionou, pela sua magnitude, a sensibilidade.»
(...) «Obviamente, nenhum deles se esgota no Douro" (...) "São ambos
duas vozes poderosas, Torga e Cabral, duas vozes bem timbradas e cheias,
substanciosas, empenhadas ambas no canto duriense, mas os olhos com que vêem o
Douro são diferentes, e por isso diferente a voz com que o cantam.»
A. M. Pires Cabral, in Cesto da Gávea, Repórter do Marão, Amarante, 24-09-1993
Sobre Novos Poemas Durienses
«(...) Sem perda de ternura, ironia, desenvoltura, modernidade sem afectação e
outros valores que fazem merecer a esta escrita maior reconhecimento do que o
já alcançado.»
Francisco Bélard, in Expresso, Lisboa, 13-12-1994
Sobre Bodas Selvagens
«Trata-se da décima segunda recolha poética do autor de "Poemas
Durienses", e, se, nela, se reconhecem a pessoal língua poética de António
Cabral, a sua transparente arquitectura de volumes e ritmos, a sua funda e
carnal raiz no lugar e na circunstância, interrompida por súbitas "fugas"
e suspensões ou pelo breve fulgor de fanopeias ou "haiku"
("Entre dois pinheiros / no fio múltiplo de seu voo / o gaio antepõe uma
clave de sol evasivo"), são ainda particularmente significativas do
inquieto labor poético do autor as experiências no domínio da poesia caligramática
e visual, bem como daquilo que se convencionou chamar "prosa
poética", processo que, em António Cabral, parece sobretudo traduzir, mais
do que um modo (ou "género"), a experiência dos limites rítmicos e
prosódicos do verso.»
Manuel António Pina, in Cultura, Jornal de Notícias, Porto, 07-10-1997
«(...)E continua a ter uma voz própria, em que nos melhores poemas para lá
dos que têm outras referências, vivenciais e também geográficas, de Silves ou
Salamanca ou Santiago, de Paris a Londres ou Bagdad há marcas do lugar e das
raízes. Veja-se o segundo poema de "Sob os Álamos": "Como se a
luz, ao despedir-se do corpo, / precisasse de ser ouvida. // As palhas da noite
eram mornas em Setembro. / Agora o tempo esconde-se um atrás do / outro. Em que
nuvem se moverá / o ramo desta sombra? // Vou-me desabituando de ler / os
vestígios ainda azuis do alpendre / onde te acrescentaste à solidão."»
In JL (Jornal de Letras, Artes e Ideias), Lisboa, 14-01-1998
Sobre Memória Delta
«Ligado, nos seus pormenores mais insignificantes, a um concreto regional, a
narrativa revela-se como exemplo de verdadeiro realismo crítico. Nas suas
incursões (...) sonda os comportamentos morais e sócio-económicos da pequena e
média burguesia rural, dos "leaders" autárquicos e culturais,
juntando os efeitos da ironia a uma linguagem ácida (pelo uso do palavrão e das
variantes orais não dicionarizadas).
Partindo desta constatação de sentido e dos problemas postos e pendentes no
universo romanesco de António Cabral, Luís F. Adriano Carlos definiu
"Memória Delta" como um romance "caleidoscópico e
telescópico". Fazendo um levantamento das estruturas sémio-narrativas e
discursivas, o professor de Literatura Moderna da Faculdade de Letras do Porto
assinalou que a escrita de António Cabral, pela contextura da sua organização
própria que não pode ser desfeita é uma grande anáfora e anamnese, como
rectroprojecção do sujeito à imagem do pensamento do teólogo, em que o centro
repousa em toda a parte e em parte nenhuma.»
Teixeira Mendes, Primeiro de Janeiro, Porto, 17-03-1990 (nota sobre o
lançamento do romance)
«Um livro corajoso, uma escrita ágil e digressiva, mas coerente, com uma
constante mudança de planos narrativos, onde não falta o humor, a sátira, a
sensualidade, a paródia, o pícaro (talvez uma das maiores novidades deste
romance).»
Francisco Martins, in Letras & Letras, Porto, Julho de 1990
Sobre A Noiva de Caná
«O prosador, que em António Cabral co-habita com o poeta, dá asas à imaginação
ao contar-nos uma "estória" (passada numa quinta do Alto Douro) à
volta de um jogo sexual com "tanto de amoroso como de feroz".
Trata-se de um romance em que "nada é definitivo" e em que o narrador
é atraído pelo que nunca saberá explicar.»
Serafim Ferreira, in Jornal da Costa do Sol, 22-06-1995
«A Noiva de Caná é o segundo romance de António Cabral, recentemente publicado,
e que tive a honra de apresentar oficialmente, no passado 10 de Outubro, no
Salão Nobre dos Paços do Concelho vila-realense.
Todos sabemos que António Cabral é um dos expoentes da literatura nacional, com
uma obra marcada pela poesia, pelo ensaio, pelo teatro e pela investigação no
âmbito da cultura popular, com particular ênfase nos Jogos Populares.
A Noiva de Caná é a "estória" do quotidiano de uma quinta,
Combareiras, ali perto do Castedo. É a "estória" de um Douro vivido e
sentido (...).»
Ribeiro Aires, in Notícias de Chaves, 05-01-1996
«(...) Viajamos em círculos concêntricos. Nunca estamos no mesmo sítio, mas
também nunca nos sentimos suficientemente longe dele, para podermos voltar a
lugares já percorridos, a situações já começadas a viver. Sobre um
"assunto", digamos assim, o "autor" nunca nos revela tudo.
Há lugares apagados que se vão acendendo no momento decidido pelo narrador em
cada nova passagem desenhada pela órbita deste movimento. Tudo, com mestria,
vai sendo colocado no seu lugar. (...)»
Idem, in Sol XXI, Julho / Setembro de 1997, Carcavelos
Sobre Jogos Populares Portugueses
«(...) Porque só com o conhecimento de causa se poderá manter viva esta
expressão da necessidade de lazer e alegria do trabalho transfigurado em festa
e imaginação enriquecida por uma experiência secular, esta recolha de jogos
populares portugueses infantis, de jovens e de adultos é um livro
importante.»
Maria Leonor Chambel, in PÚBLICO, Lisboa, 14-08-1990
Sobre Jogos Populares Portugueses de Jovens e Adultos
«Desde algum tempo que António Cabral poeta, ficcionista e ensaísta
transmontano tem vindo a dedicar-se ao estudo dos jogos populares. No último
lustro iniciou a publicação em volume das suas investigações com Jogos
Populares Portugueses a que se seguiu Os Jogos Populares Doze Anos de
História: 1977-1988, em 1988, e Teoria do Jogo, no ano passado. Acaba de
desdobrar o livro de 1986 em dois novos tomos, Jogos Populares Portugueses de
Jovens e Adultos e Jogos Populares Infantis, ambos editados pela Editorial
Domingos Barreira, do Porto, na sua prestigiosa colecção "Coisas
Nossas". É da primeira destas obras que hoje falamos.» (...) «Com mais
este livro, António Cabral está a completar uma obra de extraordinário
interesse pedagógico e de cultura popular.»
Viale Moutinho, in Diário de Notícias, Porto, 03-10-1991
Sobre Jogos Populares Infantis
«Embora directamente pois nem se quer o conhecemos pessoalmente o autor
nada tivesse feito por nós, indirectamente fez algo de muito importante:
ajudou-nos a regressar à criança que fomos, quando jogávamos à macaca, à
Bilharda, ao Berlinde, ao Pião e ao Agarra-Agarra, pela simples leitura do seu
livro! (...) Por tudo isto tenho de agradecer ao António Cabral a publicação do
seu livro e, quanto ao adequado emprego da obra, aí deixe-me ficar com
legítimas dúvidas. Talvez isso venha a acontecer um dia...»
Victor Mendanha, in Cm, Lisboa, 10-10-1991
«Jogar é um direito da criança, afirmou, ontem, António Cabral no lançamento do
seu livro Jogos Populares Infantis" (...) "O lançamento decorreu na
sala do Museu João de Deus, na Escola Superior de Educação / Jardim-Escola João
de Deus, em Lisboa". "Falando numa sala cheia de professores, pais e
crianças, o autor afirmou destinar-se o livro especialmente a educadores e
pais, embora na parte de descrição de jogos o livro possa ser acessível às
crianças.»
In Diário de Notícias, Lisboa, 12-10-1991
«O autor tem dedicado ao tema obras de importância capital. Ele é o mais
importante dos raros estudiosos portugueses neste sector da antropologia
social.»
Viale Moutinho, in Diário de Notícias, 21-11-1991
«(...) A apresentação da obra esteve a cargo de Maria da Luz de Deus, neta do
poeta e pedagogo João de Deus. O final da cerimónia foi animado por um conjunto
de 60 crianças, com idades compreendidas entre sete e nove anos, que
protagonizaram alguns desses jogos tradicionais, sob o olhar atento dos
convidados e de alguns pais.»
In A Capital, Lisboa, 12-10-1991
Sobre Teoria do Jogo
«A obra que agora apresentamos é uma análise científica do jogo, com especial
incidência nos domínios da psicologia, da antropologia, da semiótica e da
filosofia. É, pois, um valioso estudo teórico sobre o jogo e, tanto quanto
sabemos, a primeira pesquisa interdisciplinar sobre este tema.»
In Postal do Algarve, Tavira, 15-06-1990
NOVAS REFERÊNCIAS
Ficção
«No romance dos anos
noventa é a António Cabral que lhe coube realizar a grande inovação
técnico-narrativa.
.Subtraindo-se à tentação de centrar o objectivo narrativo no conflito
exporador-explorado do realismo tradicional ou do
neo-realismo, privilegia em A Noiva de Caná, editada em 1995, uma construção en
abyme onde os comportamentos metaficcionais
estruturam uma diegese de ascendência camiliana que explora sabiamente a
truculência diegética» (Eloísa Alvarez, da Universidade de Coimbra, in Terra
Feita Voz, nº3, Círculo Cultural Miguel Torga, Vila Real, 1999.)
Poesia
«Com tal talento (beleza na escrita e no olhar, profundo e poético, sobre a
vida e as pessoas), António Cabral,só raro, da sua Vila Real ‘distante’, nos dá
a alegria de o ‘ver’ nas livrarias. Saiu agora um livro muito bonito,sensível,
pequenino, com poemas de Natal. «Como irás ler até ao fim o voo táctil da
garça, se o rio não ler contigo?» (Manuel António Pina,Jornal de Notícias,13.1.
2001.)
«Mas o passo decisivo para a compreensão integral do Douro veio-me com a
leitura da poesia duriense. António Cabral acima de tudo, que por essa altura
publicava os seus «Poemas Durienses». A odisseia humana do Douro só então se me
representou em toda a sua desconformidade. E então o Douro passou a ser uma
entidade dupla para mim: o rio e a região. Distintos, porém inextricáveis. Qualquer
deles uma coisa de meter respeito. Foi pois em António Cabral, que vi tão de
chofre como numa revelação, que o Doro região não apareceu ali como bandeja por
um deus bonacheirão (qual Baco nem meio Baco), mas foi levantado à custa de
muitro sangue, suor e lágrimas, que perdoe o velho Winston.» ( A.M. Pires
Cabral, in O Meu Douro, Revista da Bienal da Prata 2, Lamego, Outono 2OO1.)
«António Cabral, como poeta, e Alves Redol, como romancista, são quem melhor
fala dessa epopeia persistente, paulatina, de mil pequenas epopeias (A.M.Pires
Cabral, in Património Mundial, Repórter do Marão, Amarante,14.12. 2001.)
«Com a sua Antologia dos Poemas Durienses, António Cabral tornou-se uma figura imorredoura do País Vinhateiro ou, se quiserem, do Reino Maravilhoso. Maravilhoso pelas paisagens, pelos seus versos» (Viale Moutinho, Diário de Notícias,1.1. 2002.)
Campo
de Jogos Populares
"Vai ser inaugurado, no dia 12 de Dezembro, na Quinta do Pinheiro, Freamunde, o
"Campo de Jogos Populares Dr. António Cabral". O campo, que é no género o
primeiro a ser rigorosamente projectado e apetrechado em qualquer parte do
mundo, deve-se à acção conjunta deste escritor e investigador e do empresário
Raimundo Durão. ( Arrais, Régua,9.12.l999.)
"O "pai" dos jogos foi o prof. António Cabral, actualmente delegado do Inatel
em Vila Real, um perito na matéria que estudou e recuperou para a actualidade
dezenas de jogos tradicionais praticados por todo o país,do Minho ao Algarve,
após muitos anos de pesquisas e estudos, que culminaram na produção de vários
livros. E foi o próprio António Cabral que tratou de assegurar que em Freamunde
os jogos cumprem as regras originais.(…)Neste recinto podem estar a ser
praticados em simultâneo cerca de trinta jogos, desde os jogos de "interior",
uma vez que uma área coberta garante a sua operacionalidade independentemente
do tempo, aos de ar livre." (Correio da Manhã, 13.12.99.)
"Assistimos a uma futebolização da cultura" ironiza Arménio Pereira,
Presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira. "É necessário olhar para o
desporto doutra forma, afirmou durante a inauguração". (…) E o Presidente do
Instituto Nacional do Desporto, Manuel Brito:" A protecção dos jogos
tradicionais é uma questão decisiva porque neles reside parte do património dum
povo". António Cabral é mais categórico: "Está tudo aqui. Tudo aqui vem ter".
E, para que não restassem mais mais dúvidas, lançou ãos a obra, estreando o
recinto que leva o seu nome com uma jogada certeira que ninguém mais conseguiu
igualar." (Público, Inês Nadais, 13 Dezembro 1999.)
Ludoteoria
"Em Vila Real, é obrigado referir o trabalho do grupo de teatro «O Bando» e do Centro Cultural Regional que, depois de 1977, culminan as súas primeiras actividades nos I Jogos Populares Trasnsmontanos, mostra de xogos que, en edicións sucesivas, como vimos, incluirían tamén os xogos populares de Galicia. Da iniciativa tomava parte como membro especialmente activo o professor António Cabral que, co tempo, nos tería ofrecido os mais completos estudios teóricos sobre o xogo popular no nosso contorno, alén de recompilacións dos xogos populares portugueses, galegos e mesmo de antigas colónias de Portugal en África e Ásia.» ( Paco Veiga, xogo popular galego, sotelo blanco Santiago de Compostela, 2001, p.73. V. também Amado, J e Santos, L. «Estudos e divulgação das práticas lúdicas» em Revista Portuguesa de Pedagogia, ano XXVI, nº 3(1992), p. 518.)
Sobre o poema Aqui, Douro
«As
vindimas são também focadas por António Cabral num poema que já referimos
anteriormente, "Aqui, Douro", no qual se fala de "paraíso dourado das
vindimas", considerando que nessa altura "O Douro é d’ouro", "ouro no sol que
põe tudo em labaredas; /os cachos e as nuvens de poeira / espantadas pelas
patas dos cavalos /e dos camiões, ron-ron, ladeira acima. / Ouro na tagarelice
das mulheres / que vindimam as uvas e as ideias; / um certo ouro no silêncio
dos homens / que em fila e ferro transportam os cestos. / Ouro ainda no
regresso do trabalho,/ ao som dum bombo, duma concertina. / Ouro talvez nos
cálices de quem / veio de longe assistir da janela."
Note-se como neste pequeno poema, em poucos versos, temos o Douro do trabalho
duro, das temperaturas altas, das vindimas em que as uvas já não são
transportadas só nos cestos vindimos ou vindimeiros, mas também em camiões.
Aparece-nos, como antigamente, a música a acompanhar os vindimadores no
regresso do trabalho, ao som do bombo e da concertina. Finalmente, o contraste
que é estabelecido entre os que vêm de fora saborear o vinho e assistir da
janela aos trabalhos, muitas vezes sem terem a noção do esforço e sacrifício do
trabalhador duriense.» (Maria da Assunção Morais Monteiro, Douro Estudos e
Documentos, 19, Porto, 2004, pp.185.)
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. VI, Lisboa, 1999
Poeta, ficcionista, dramaturgo e ensaísta. Frequentou o Seminário de Vila Real e licenciou-se em Filosofia pela Universidade do Porto. Depois de abandonar a vida sacerdotal, ingressou no ensino secundário, sendo professor efectivo da Escola Secundária Camilo Castelo Branco (Vila Real). Entre 1974 e 1976 foi delegado regional em Vila Real e coordenador da Zona Norte do FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis). Responsável pelo Centro Cultural Regional de Vila Real, que fundou em 1979, e bolseiro pelo Ministério da Educação para a Investigação de Jogos Populares e Teoria do Jogo (1988-1991), é actualmente presidente da Direcção da Associação Nacional de Animadores Socioculturais (fundada em 1995) e delegado do INATEL em Vila Real (desde 1996). É o principal responsável pela organização dos Jogos Populares Transmontanos, Jogos Populares Galaico-Transmontanos e Jogos Populares Luso-Galaicos. Foi fundador das revistas Setentrião (1962), Tellus (de que foi o primeiro director, 1978) e do mensário Nordeste Cultural (1980). É membro do Conselho de Redacção da revista galaico-portuguesa O Ensino. Tem realizado intensa actividade como investigador interessado no estudo e recolha dos jogos tradicionais portugueses, promovendo a recuperação de muitos jogos em demonstrações populares que têm decorrido um pouco por todo o país. Tem também organizado e promovido encontros de escritores e jornalistas transmontanos e durienses. Poeta de marcado cariz intervencionista e resistente, dentro de um lirismo que se filia na melhor tradição poética portuguesa, nem por isso deixou de cultivar outros géneros literários, como o ensaio, a ficção e o teatro, a par de alguns trabalhos na área da investigação, ludossemiótica e história literária. Na poesia são de evidenciar "[...] a transparente arquitectura de volumes e ritmos, a sua funda e carnal raíz no lugar e na circunstância", segundo as palavras de Manuel António Pina (Jornal de Notícias, 7.10.97). Na ficção "[...] não falta humor, a sátira, a sensualidade, a paródia, o pícaro (talvez uma das maiores novidades deste romance)", como referiu Francisco Martins (Letras & Letras, Julho de 1990). Tem colaboração em jornais e revistas nacionais e estrangeiras, está incluído em antologias poéticas e livros escolares, e participa em programas em rádios locais e nacionais. Foi agraciado com as medalhas de Prata de Mérito Municipal de Alijó (1985) e de Vila Real (1990).