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Ângelo Rodrigues


Ângelo Rodrigues nasceu em Torres Novas no ano de 1964. É licenciado em Filosofia e professor desta disciplina; é director do DNA da Editorial Minerva; compõe e interpreta alguma música sua e dos outros; é declamador e divulgador de Poesia (Jograis Orpheu) e participou em várias representações teatrais e performances. Produziu diversas capas de livros e de discos. Foi produtor de espectáculos e realizador-locutor na Rádio Renascença e outras rádios. Obras publicadas: Eu, o Ser e a Dúvida, Ed. Orpheu, 1989; Compra-me Um Deus, Ed. Orpheu, 1992; Bosque Flutuante – o vírus na rede dos camaleões (em co-autoria com onze autores, Ed. Minerva, 1996; Fragmentos do Tempo Parado (em co-autoria com António Vieira da Silva – fotografia artística) Colecção de quatro postais, Ed. Minerva, 1997; Da Ressurreição do Espanto – Um Outeiro de Ninguém (em co-autoria com Abílio Sampaio) Ed. Minerva, 1998; Da Ressurreição do Espanto, Ed. Minerva, 1998.


Sinopse de críticas & sensibilidades

(A propósito dos livros «Eu, o Ser e a Dúvida» e «Compra-me Um Deus»)

«Desassossego poderia ser a palavra escolhida para traduzir a sensação provocada pela leitura de «Eu, o Ser e a Dúvida», de Ângelo Rodrigues, um poeta da nova geração que revela uma forma de Ser e Estar, presente. Um livro actual que retrata uma realidade que ultrapassa a vivência do próprio Eu. (...) Estamos perante uma obra nova, arrojada, que abala o convencional e que reflecte o sentir de um presente inserido num processo de mudança, que se procura a todos os níveis. Uma obra que merece não só uma leitura, mas também uma reflexão».

Maria Manuela Dantas, Letras & Letras

«(...) Pela Poesia que revela, ou seja pela Totalidade que se decifra no conjunto da sua produção, a caminho de uma personalização significativa (...)».

José Valle de Figueiredo

«(...) Um novo estilo do discurso se "contabiliza" por dentro da mensagem agreste de Ângelo Rodrigues, quer ao nível do esteticismo, da epistemologia, da lógica e mesmo (em certas passagens) da metafísica, quando o Autor "desbrava" imagens imaginativas e nelas se instala a emoção e o talento inventivo. Isto não nos situa, como é óbvio, num comportamento indecifrável do pensamento escrito, muito antes pelo contrário, enriquece a representação física da palavra, naquilo que se pode determinar por "metáfora" bem tecida (...)».

Artur Lucena

«Ao passar os olhos pelo original Compra-me Um Deus, detive a minha atenção nestes dois pequenos versos: «Sou um humilde seleccionador / De tudo o que me espante». Talvez a poesia (de Ângelo Rodrigues) só esteja visível para quem optar pelo espanto do que vê e não vê, do que sabe e não sabe. Mas teremos de seleccionar os objectos de espanto (...)».

Maria Alberta Menéres

«A poesia de Ângelo Rodrigues é uma proposta de interrogações (...)».

Isabel Ary dos Santos

«(...) Ângelo Rodrigues dá-nos uma vez mais, neste seu livro (Compra-me Um Deus), a outra dimensão do Homem e a outra face da angústia.

Ser e não ser, morrer vivendo, ou vivendo para morrer, são entrelinhas do conflito dos sentimentos, que, para lá da razão, dão a medida mais elevada do Homem, quando ao libertar-se dos desejos efémeros do quotidiano, vislumbra o além, que estará, mesmo que não esteja (...)».

«(...) Ângelo Rodrigues no seu livro Eu, o Ser e a Dúvida procura exactamente abranger as duas faces do Tudo: Estar e Ser. E porque a coincidência é rara ou impossível, o poeta canta a sua dor pelo absurdo da existência humana (...)».

Júlio Roberto

«"Da Mulher" terá de ser uma referência da nossa poesia – talvez seja mesmo um dos melhores poemas que li até hoje. (Sessão de Apresentação de Compra-me Um Deus – Sociedade Portuguesa de Autores – 20 de Novembro de 1992)».

Natália Correia


Da Ressurreição do Espanto de Ângelo Rodrigues

O livro «Da Ressurreição do Espanto» do Ângelo Rodrigues é um livro perturbador pela tão grande riqueza que encerra. Porque ele levanta imensas questões da existência humana, é a um tempo uma análise irónica da VIDA, mas também um mergulho profundo nas ideias, no Ser e no não-Ser, no Deus que se ama e se acusa, na Vida que se quer e não se quer...

Como se reunisse nestas suas "máximas" toda a luta do Homem para se entender neste mundo, ele é ao mesmo tempo um Pitigrili da nossa época e um Nietzsche que arrasa os conceitos, os pré-conceitos, a cultura gasta e sem saída. Cada palavra, cada frase, cada afirmação é também o contrário de si mesma. Prova de que tudo pode ser e não ser.

Do erótico sublime ao desprezo criador, este livro é sobretudo um grito e um alarme contra a falsa cultura e os intelectualismos estafados da nossa época.

Pleno de lucidez ele é – o Ângelo – uma mistura de grande inteligência inconformada, mas também uma luz para ver claro o que está escuro.

Falar deste livro é apaixonante. Mas é também uma queda nas profundezas da alma humana. O caos que ele contém é uma seta espetada no nosso íntimo que nos leva a rever todos os padrões que julgamos intocáveis.

A verdadeira Filosofia está ali, na dúvida, na irreverência, na negação do Ser – não-Ser. Só talvez um Pessoa e outros "visionários" saberiam o que este livro contém.

Quanto a mim ele é também a verdadeira mensagem da chamada "angústia existencial", criadora porque demolidora. Ele é também o raio que purifica.

Li-o de um trago, como quem bebe um copo de vinho amargo mas de boa cepa.

Na realidade não sabemos nada. Mas do pouco que sabemos fica a grande dúvida do "como seria se fosse".

É nesta ancestral busca do Homem, do seu destino e do porquê da existência; busca cheia de meandros, ora arco-íris da imaginação, ora tempestades e tornados no cerne do Ser, que a confusão se instala como processo do devir e meio incontrolável do conhecimento.

Fartos como estamos todos ou alguns, de verdades indiscutíveis, este manifesto é ao mesmo tempo o arco e a flecha do nosso descontentamento. Como se o humano fosse ultrapassado e o Deus estivesse quase a ser conhecido, mas fugisse a cada instante do nosso campo de visão.

Um livro escrito com o sangue, que derruba fronteiras e forma um rio sem margens e sem destino. Mas no não-dito há todo o mistério da Vida recriando ao mesmo tempo a riqueza do não-conhecido...

Já não somos macacos e ainda não somos deuses. E nesta busca de equilíbrio sobre o precipício, eis que a voz de um deus nos fala para que a dúvida subsista... dúvida criadora, animadora, benfazeja, porque ela é o único caminho para o entendimento.

Um autêntico livro de desassossego ele é a mensagem de não saber, mas querer saber; fonte da angústia que precede o orgasmo do nascimento.

A realidade. O que é a realidade?

O que é o Homem?

"Donde vimos, o que somos, para onde vamos?"

E o "porque sim" de tudo isto é sempre a grande sabedoria.

Que bem me fez ler este livro. Aumentou o meu desassossego e fez-me subir alguns degraus!...

Obrigado Amigo por me ter perturbado...

Júlio Roberto



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