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Fidelino de Figueiredo


Fidelino de Figueiredo

1. Fidelino de Figueiredo notabilizou-se como professor, historiador e crítico literário, tal como na faceta de ensaísta e de intelectual cosmopolita (Lisboa, 20.VII.1889 – 20.III.1967). Licenciou-se em Ciências Histórico-Geográficas na Faculdade de Letras, em 1910, iniciando a sua vida profissional por se dedicar ao ensino e à vida política nos conturbados tempos que se seguiram à implantação da República. Exerceu vários cargos públicos: funções no Ministério da Educação, director da Biblioteca Nacional e deputado. Fundou e dirigiu a Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos e a Revista de História (1912-1928). Exilando-se em Madrid em finais da década de 20, por razões políticas, é contratado como professor de Literatura pela Universidade Central. Já na década de 30, depois de regressado a Portugal, celebrizou-se nas actividades de conferencista e professor convidado de Literatura em várias universidades europeias e americanas. Contratado pela recém-criada Universidade de S. Paulo (1938-1951), funda aí e, lodo de seguida, também na Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, os Estudos de Literatura Portuguesa, de cujo magistério nasce um dinâmico grupo de discípulos, de entre os quais se contam prestigiados docentes e investigadores (António Soares Amora, Cleonice Berardinelli, Segismundo Spina, Carlos de Assis Pereira, Massaud Moisés, etc.). Além dos vários cursos de graduação e pós-gradução, dirigiu e colaborou activamente na revista de Letras (1938-1954), publicação da referida Univ. de São Paulo. Atingido por incurável e progressiva doença, deixou as funções docentes em S. Paulo, regressando definitivamente a Portugal, à sua casa de Alvalade.

2. Na área dos Estudos Literários, deixou uma vasta, fecunda e influente obra, nos campos da Crítica Literária e do Ensaio, da História e da Literatura Comparada, bem como da Teoría Literária. O seu grande contributo reside no propósito de contribuir para a profunda modernização teórico-metodológica das disciplinas que integram esta área de conhecimento. Neste domínio, criticou frontalmente os pressupostos teoréticos e os resultados da historiografia de Teófilo Braga, de matriz romântico-positivista. Neste esforço renovador, entre as suas grandes matrizes teóricas, destacam-se três: 1ª) a crítica "científica" francesa de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX; 2ª) o influente pensamento hispanista de Miguel de Unamuno e M. Menéndez y Pelayo); 3ª) a filosofia estética do italiano Benedetto Croce. Foi ainda pioneiro na nova área da Literatura Comparada em Portugal, quer no domínio da sua conceptualização teórica, quer na elaboração de sugestivos estudos de crítica comparativista. Ao mesmo tempo, patenteando um agudo sentido cívico e manifestas preocupações existenciais, dedicou-se a uma contínua reflexão ensaística, de natureza cultural e filosófica, mais acentuada no final da sua vida.

Principais obras de Fidelino de Figueiredo:

  • História da Crítica Literária em Portugal, 1910;

  • O Espírito Histórico, 1910;

  • A Crítica Literária como Ciência, 1912;

  • História da Literatura Romântica, 1913;

  • História da Literatura Realista, 1914;

  • Características da Literatura Portuguesa, 1915;

  • História da Literatura Clássica, 3 vols., 1917-24;

  • Estudos de Literatura, 5 vols., 1917-51.

  • História da Literatura Portuguesa (Manual Escolar), 1918;

  • Epicurismos, 1923;

  • Torre de Babel, 1924;

  • Sob a Cinza do Tédio, 1925;

  • História dum "Vencido da Vida", 1929;

  • O Dever dos Intelectuais, 1930;

  • A Épica Portuguesa no Século XVI, 1930 (1950);

  • As Duas Espanhas, 1932;

  • Depois de Eça de Queirós, 1933;

  • Pyrene: ponto de vista para uma introdução à história comparada das literaturas portuguesa e espanhola, 1935.

  • Aristarchos: quatro conferências sobre Metodologia da Crítica Literária, 1939; Últimas Aventuras, 1941;

  • Antero: quatro conferências, 1942;

  • Cultura Intervalar, 1944;

  • História Literária de Portugal (Sécs. XII-XX), 1944.

  • A Luta Pela Expressão (Prolegómenos para uma Filosofia da Literatura), 1944.

  • Um Pobre Homem da Póvoa de Varzim, 1945.

  • Um Coleccionador de Angústias, 1951;

  • Música e Pensamento, 1954;

  • O Medo da História, 1955;

  • Um Homem na Sua Humanidade, 1956;

  • Diálogo ao Espelho, 1957;

  • Entre Dois Universos, 1959;

  • Símbolos & Mitos, 1964;

  • Ideias de Paz, 1967;

  • Paixão e Ressurreição do Homem, 1967.


  • Alguma Bibliografia sobre Fidelino de Figueiredo:

    Colóquio-Letras, 112 (1989), pp. 7-22 [dossier sobre F. Figueiredo].

    AMORA, António Soares – Fidelino de Figueiredo, Lisboa, IN-CM, 1989.

    idem, "Fidelino de Figueiredo e a renovação da crítica, da história e da teoria literária em Portugal", Nova Renascença, IX (1989), pp. 87-94.

    CARNEIRO, Mário – "Fidelino de Figueiredo", in Pedro Calafate (dir.), História do Pensamento Filosófico Português, vol. V (O Século XX), Tomo, 1, Lisboa, Caminho, 2000, pp. 402-424.

    GARCÍA MOREJÓN, Julio – Dos Coleccionadores de Angustias (Unamuno e Fidelino de Figueiredo), São Paulo, Fac. de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, 1967.

    Letras & Letras [Jornal], nº 23, de 05.XI.1989 [dossier sobre F. Figueiredo].

    MARTINS, J. Cândido – "Figueiredo (Fidelino de)", in Enciclopédia Verbo – Edição Século XXI, vol. XI, Lisboa / São Paulo, 1999, pp. 1359-1361.

    OLIVEIRA, António Braz de (coord.) – Fidelino de Figueiredo, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1989.

    PEREIRA, Carlos Assis (Org.) – Ideário Crítico de Fidelino de Figueiredo, São Paulo, Universidade de São Paulo, 1962.

    Nótula de J. Cândido Martins.



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