José Carlos González, filho de pais galegos imigrados, nasceu no dia 27 de Maio de 1937 em Lisboa. Estudou Direito em Lisboa e Românicas e Ciências Políticas na Sorbonne em Paris. Escritor e tradutor, foi técnico da Biblioteca Nacional, onde teve a seu cargo os espólios de Raul Brandão e de Vitorino Nemésio e Raul Proença. Organizou, prefaciou e anotou as obras António Sérgio Correspondência para Raul Proença (1987) e Raul Proença O Caso da Biblioteca (1988), este em parceria com Daniel Pires. Traduziu obras de Albert Camus, André Malraux, Marguerite Duras e Julien Green, entre outros. Tem colaborado em vários jornais e revistas, de que se destacam O Diário de Lisboa, A Capital, Colóquio/Letras e Vértice. Está representado em várias antologias, tais como: Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa (1979) e O Inverno na Poesia Portuguesa (1979).
Obras publicadas: Poemas da Noite Nova (1957), Naufrágio (1960), Isis ou o Cérebro da Noite (1961), A Recompensa da Palavra (1966), Viagem contra o Silêncio (1977), Lisboa e Outros Sapatos (1984), Cartas de Mar e Ar (1984), As Margens Mínimas, a Vida (1985), Idos e Calendas (1986), Clave de Sol (1988), Canto do Corpo Navegante (1990), 70 Poemas Antologia (1992), Fontefria (Crónicas da Infância e Juventude) (1993), No Alambique Escondido (1996), Odelegias (1997), Fontefria (1999).
FONTEFRIA
«Desde esse dia sempre me senti algo mais só, mais abandonado, nas tardes em que na eira corria um vento fresco que me lembrava o rio, e as outras tardes em que Evaristo me vinha chamar, e eu me escapulia das prevenções e da custódia da avó Ermelinda, para ir ao lado dele, às vezes mesmo de mão dada, pelo rio de Pinheiros abaixo, a extasiar-me com a sua perícia e delicadeza na pesca das trutas, com a cana de caniço de garfo na ponta, e depois o banho ritual nos poços fundos, entre os salgueiros e os velhos moinhos, ouvindo a queda das cascatas que desciam num allegro vibrante do alto do Facho.»
José Carlos González, Fontefria, Leiria, Editorial Diferença, 1999.