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Notas de apresentação


(Sapa)teia Americana de Onésimo Teotónio Almeida

«De entre os temas mais versados pela literatura dos Açores (ou que lhe são mesmo estritos, se for certo dizê-lo), o da emigração para o continente americano é tão vasto, tão peculiar e talvez tão antigo quanto o próprio movimento de saída das ilhas para o "Mundo". É possível que remonte aos primórdios da expressão lírica insular, desde quando deu vazão ao saudosismo e à solidão dos expatriados que povoaram o arquipélago. Poderá até dizer-se que um impreciso sentimento de "diáspora", antes de o ser na prática, já o era na alma dos aventureiros da expansão marítima, quanto mais na desses colonizadores dos territórios desertos e das paisagens por onde foram passando. (...)»

(Sapa)teia Americana é «o intenso, o profundo e o mais autêntico repositório literário da vida, do pensar e do ser dos açorianos na América de hoje, sendo eles, ainda e sempre, os homens da Ilha a quem calhou a sorte de, vivendo embora o sonho americano da realidade e do impossível, pareceram contudo ameaçados por dentro.

(da introdução feita por João de melo)

Onésimo Teotónio Almeida: (Sapa)teia Americana, 2ª ed., Lisboa, Edições Salamandra, 2001 (contos), pp. 5 e 10.


Viagem. Memória e Sertão de Filomena Cabral

Neste díptico, os tempos cruzados remetem para uma espessura histórica, experiência de temporalidade, modelos de conduta. O mar, esplêndida metáfora do desconhecido, és espelho ambíguo onde se projectam imagens de navegador e navegado, rumo a uma futura memória, embora possam ser invocados – a pretexto das comemorações do Descobrimento do Brasil –, motivos para a travessia dos oceanos disponíveis para a ousadia, num emaranhado de linhas, de rede-interlugares, labirintos múltiploes. Em história o que acontece não poderá ser repetido – a efeméride torna-se abstracção –, sim recordado pelo testemunho dos actores – sociais, políticos –, das personagens insconscientes do seu papel de sujeito ou observador, o tempo histórico é uma sucessão de factos. O direito de agir está sempre em foco, ainda e quando a narradora recorre à ironia, a uma estética do riso ocasional, para encenar a liberdade (Bakhtin), a subversão servida pela ruptura das regras.

Apesar do universo de personagens históricas e fictícias de Ouro e Viagem, Portugal, Brasil, as ideias – destas é a epopeia – são as figuras principais, espaços onde se desenvolvem sagas de famílias que viajaram para a América.

(da badana do livro)

Filomena Cabral: Viagem. Memória e Sertão e Ouro. Honor, Corsários, Ilusiones, Lisboa, Difel, 2000.


A N@ve de Noé dos Primos Ramos Amado

A N@ve de Noé é um livro escrito por dez primos, dez amigos, que voltaram à adolescência. Na realidade, os autores têm entre 40 e 53 anos. São os Primos Ramos Amado, grande família constituída pelos descandentes dos escritores Jorge Amado e Graciliano Ramos. Correspondiam-se diariamente pela Internet e, entre as notícias da família e as histórias do quotidiano, foi surgindo a ideia de juntos escreverem um livro usando a própria rede. E assim deram vida a uma família fictícia e sobretudo deram vida a uma história de mistério.

(adaptado da contracapa do livro)

Primos Ramos Amado: A N@ve de Noé, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2000.


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