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Notas de apresentação



Música Clássica, de Alexander Waugh

Esta obra é um caso raro no panorama editorial português. A formação musical média dos jovens em idade escolar é pouco menos que risível. A cultura musical da generalidade dos cidadãos é praticamente nula. Pela sua natureza pedagógico-formativa, esta bela obra de Alexander Waugh, editada originalmente em Inglaterra, é merecedora do maior aplauso. A arte de ouvir música clássica, esta nobre e erudita forma de música, não é exclusiva de especialistas ou de elites, antes pode ser aprendida por todos.

É um lugar-comum afirmar que não se ama, ou não se aprecia, o que não se conhece. De facto, como gostar e sentir prazer na audição de música clássica sem conhecimentos mínimos? Como vibrar e fruir esteticamente a obra de mestres da música ignorando os conhecimentos mais básicos? Esta obra responde a essa necessidade, já que se apresenta como um cativante guia para principiantes. É escrita numa linguagem simples, mas rigorosa, sem cair em tecnicismos desnecessários. O leitor é formativamente conduzido para a reflexão sobre a natureza da música clássica, a composição de uma orquestra, a evolução do gosto e dos géneros ao longo dos tempos, os grandes compositores e as obras-primas da música. A palavra de ordem é: aprender noções básicas, ouvir música orientadamente e desenvolver o gosto.

Para melhor alcançar esse desiderato da informação e divulgação de conhecimentos introdutórios sobre a música clássica, esta edição abundantemente ilustrada conta ainda com um oportuno CD. Conjugando a leitura e a audição de 38 faixas seleccionadas, pode o leitor aliar os conhecimentos que vai recebendo à música que vai fruindo. Do mesmo autor, com a mesma estrutura e similares objectivos, publicou simultaneamente a Estampa Ópera. Outra Forma de Ouvir, que também se recomenda vivamente.

Cândido Martins

Alexander Waugh, Música Clássica. Outra Forma de Ouvir, Lisboa, Editorial Estampa, 2000 (144 págs; trad. de Isabel Teresa Santos).


Os Símbolos e o seu Significado, de Jack Tresidder

Da linguagem quotidiana à criação artística, a comunicação humana usa abundantemente o poder expressivo dos símbolos. "O mundo é um objecto simbólico", declarou o escritor romano Salústio. O sistema dos símbolos constitui uma forma especial de linguagem, antes mesmo da própria invenção da escrita. Na linguagem de Carl Jung, os símbolos integram um dos mais ricos arquétipos colectivos da alma humana. Gilbert Durand demonstrou o poder expressivo dos símbolos na configuração das estruturas antropológicas do imaginário humano.

Os estudos simbólicos constituem uma das mais ricas tradições interpretativas das artes em geral e da literatura em particular. Intimamente ligados à experiência do mistério e do sagrado, o fascínio dos símbolos foi sendo analisado multissecularmente por várias formas de saber: antropologia, mitologia, história das religiões, esoterismo, psicanálise, etc. Ao lado do conhecimento científico e positivo, o estudo dos símbolos constitui uma actividade imprescindível para a compreensão do homem.

Historiador de arte, Jack Tresidder propõe-nos um cativante guia, amplamente ilustrado, sobre mais de 1000 símbolos, oriundos de diversas culturas. O resultado é uma bela obra, de consulta muito recomendável, enfim, um prazer para os olhos e um afago para a inteligência. Dos objectos mais ou menos quotidianos, passando pelos animais, números, estrelas, pedras, etc., vivemos rodeados de símbolos cuja descodificação o autor nos apresenta de um modo extremamente formativo. Por estas e outras razões, esta obra de Jack Tresidder é um notável complemento dos conhecidos dicionários de Jean Chevalier & Alain Gheerbrant, ou de Juan Eduardo Cirlot.

Cândido Martins

Jack Tresidder, Os Símbolos e o seu Significado, Lisboa, Editorial Estampa, 2000 (184 págs; trad. de Marisa Costa).


Como Desenvolver a Inteligência Emocional, de Jeanne Segal

Primeiro, foram os trabalhos de divulgação de Daniel Goleman sobre a importância da inteligência emocional e da sua aplicação à vida social e ao ambiente de trabalho. Ao tradicional quociente intelectual (QI), a popular inteligência abstracta e racional, vinha somar-se o imprescindível quociente emocional (QE). Foi apenas o início de uma série de publicações nesta área, a que se vem juntar esta obra de Jeanne Segal, psicóloga clínica nos EUA. O objectivo é chamar a atenção para a necessidade de potencializar a competência emocional de cada pessoa. Através de certas técnicas, exercícios e questionários, cada um pode desenvolver o auto-domínio, a auto-percepção, a auto-confiança, tirar partido das suas emoções e instintos. Através deste programa sobre o poder das emoções, conheça-se melhor a si mesmo, aumente o seu bem-estar, tire partido das suas relações afectivas com os outros.

Cândido Martins

Jeanne Segal, Como Desenvolver a Inteligência Emocional, Lisboa, Rocco/Temas e Debates, 2001 (277 págs.; trad. de Alexandra Jordão).


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