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Notas de apresentação


O Homem e o Mal, de André Jacob

O autor deste importante trabalho ético-filosófico, dedicado a Paul Ricoeur, é professor emérito da Universidade Paris-X e, no seu currículo, conta a direcção da Encyclopédie Philosophique Universelle. Esta sua metódica reflexão tinha sido anteriormente publicada no famoso Dictionnaire d'Étique et de Philosophie Morale (P.U.F.).

O complexo problema (ou mistério) do Mal foi tratado, ao longo dos séculos, por múltiplos filósofos, teólogos ou até criadores artísticos. Oposto ao Bem, personificado por Deus, a paradoxal coexistência do Mal sempre intrigou o Homem, que se deteve em múltiplas tentativas da sua definição e justificação, e na análise das suas manifestações. Pelas suas implicações axiológicas e simbólicas, desde os tempos mais remotos que o Mal justificou mitos, desafiou religiões, originou metafísicas, inspirou artistas.

Como falar do Mal numa era pós-metafísica, dominada pelo vazio ético? Fruto de um pecado "original"? Consequência da atracção pelos prazeres sensíveis? Deve ser interpretado através de um moralismo dogmático ou antes através de uma perspectiva antropológica? "É precisamente no quadro de uma teoria da condição humana, cuja intenção ética de tomada de consciência de si/relacionamento com o Outro pode ficar frustrada ou subvertida, que se inscreveram estas páginas". O trabalho é enriquecido com uma criteriosa, bem organizada e sugestiva bibliografia final (filosófica, religiosa e literária), com destaque, por exemplo, para o que o autor chama "Emblema do Mal nas Artes" (cinema e artes plásticas).

Cândido Martins

André Jacob, O Homem e o Mal, Lisboa, Instituto Piaget, 2000 (trad. de Jorge Pinheiro; col. Pensamento e Filosofia, 66; 163 págs.).


Para Onde Vai a Cultura Portuguesa?, de Alfredo Dinis (org.)

Trata-se de uma interessante colectânea de seis conferências realizadas na Faculdade de Filosofia de Braga, agrupadas sob o tema geral escolhido para intitular esta obra. É organizada e apresentada pelo Prof. Alfredo Dinis, S.J., docente e investigador de Filosofia e, à data da realização deste evento, director da referida instituição. Sejamos claros e coerentes quanto às grandes funções de uma instituição de ensino superior: ao formar humana e intelectualmente as gerações mais jovens, outra das nobres e úteis funções da Universidade deve ser a de reflectir sobre as grandes transformações que estão a mudar a face da sociedade portuguesa no início deste novo milénio.

Contrariando a natural efemeridade de intervenções orais, apresentadas sobre alguns dos temas mais relevantes da Cultura Portuguesa, aqui se recolhem os textos dessas apreciadas participações, sob a pergunta geral — Para onde vai a...? — responderam: Agustina Bessa-Luís (sobre a Literatura), José António Saraiva (Imprensa Escrita), José Narciso Cunha Rodrigues (Justiça), Luís Manuel Mateus (Maçonaria), Luís Nunes de Almeida (Tolerância) e Teresa Ambrósio (Educação). A obra encerra-se com um sugestivo texto inédito de Agustina, "A Epístola aos Romanos". Esta obra sucede a uma outra iniciativa em torno das questões económicas e do Euro, de que resultou uma publicação similar (O Euro: Oportunidades e Desafios para Portugal, 2000).

Cândido Martins

Alfredo Dinis (org.), Para Onde Vai a Cultura Portuguesa? Braga, Pub. da Faculdade de Filosofia (UCP), 2001. (Col. Estudos Sociais, 2; 133 págs.).


A Idade do Mundo, de Pascal Richet

O Tempo sempre se constituiu um dos maiores enigmas para o Homem. Desde a mais remota noite dos tempos, da Ciência à Filosofia e às Artes, o Tempo foi uma das grandes obsessões de todo o ser humano ao longo da História. Ainda ontem, pelo ano 400 d.C., Santo Agostinho se perguntava: o que é o Tempo? Traçar uma atraente panorâmica de tão complexa e abarcante temática é o enorme e bem sucedido desafio que se impôs Pascal Richet, físico parisiense: como é que as várias civilizações pensaram, avaliaram e mediram o tempo desde que o Homem se conhece, na face da Terra, até aos nossos dias. Fá-lo ao longo de doze densos capítulos, a partir de uma enciclopédica quantidade de informação, amenizada por algumas ilustrações

À luz da nossa percepção antropocêntrica, tudo tem uma duração temporal: nascimento, vida e morte. Qual a idade exacta da Terra? Quando surgiu o chão que pisamos? Como podem os biólogos, os astrofísicos ou os geoquímicos contemporâneos falar em milhares de milhões de anos? Que relações se podem estabelecer entre as modernas pesquisas científicas e as multisseculares narrativas cosmológicas e genesíacas, efabulações mitológicas, e crenças religiosas? Apesar de todas as teorias e estudos técnicos, há perguntas sem resposta. O que ainda torna mais sedutor o tema da história do nosso planeta.

Cândido Martins

Pascal Richet, A Idade do Mundo (À Descoberta da Imensidão do Tempo), Lisboa, Instituto Piaget, 2001 (trad. de António Viegas; Col. Epistemologia e Sociedade, 154; 421 págs.).


O Pensamento de Nietzsche, de António Duarte H. Lopes

Ensaio sobre o pensamento de Friedrich Nietzsche (1844-1900), um dos filosófos mais influentes da modernidade ocidental. Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras de Lisboa e exercendo a docência no Ensino Secundário, o autor confessa ter-se deixado levar pelo "poder de impressionar" exercido pela vertigem torrencial obra deste náufrago que proclamou a morte de Deus e a maioridade do Homem. Ao longo de doze capítulos, o autor toma como ponto de partida das suas indagações textos nietzschianos tão relevantes como A Origem da Tragédia, Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral ou A Gaia Ciência.

Cândido Martins

António Duarte Henriques Lopes, Voo para o Coração da Tempestade (Demandas com o Pensamento de Nietzsche), Lisboa, Instituto Piaget, 2000 (col. Pensamento e Filosofia, 67; 267 págs).


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