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Notas de apresentação


O Jogo no Ensino de António Cabral

Este livro é um estudo interdisciplinar na perspectiva do impulso lúdico com o qual todos nascemos e ao qual não podemos impunemente fechar as portas, se queremos viver com o prazer da sabedoria e a sabedo­ria, cada vez mais atraente e eficaz, que o prazer lúdico vai proporcionando. Isto é par­ticularmente verdade em todas as formas de ensino e aprendizagem.

António Cabral, O Jogo no Ensino, Lisboa, Editorial Notícias, 2001 (Ensaio).




O Senhor de Fez e Outros de Paulo Reis Mourão

Neste seu livro de estreia, Paulo Reis Mourão (n. Vila Real, 1978) conduz-nos pelos espaços míticos da nossa história, bem como por imaginários da cultura ocidental, numa busca que nos é comum: a felicidade. «Somos Pescadores do Passado e o Barqueiro do Futuro. Entre nós há o Presente que nos interpela». Cruzando o sonho com a realidade, o conhecido com o estranho, o tempo passado com o tempo presente antecipador do futuro, O Senhor de Fez e Outros é um livro que marca a entrada de um jovem escritor no campo da ficção portuguesa.

Paulo Reis Mourão, O Senhor de Fez e Outros, Porto, Âmbar, 2002 (Ficção).


Os Corações Futuristas de Urariano Mota

Pernambuco, ao lado do Rio, São Paulo e Minas Gerais, foi um dos Estados onde a repressão bateu mais forte. É nesse clima de terror estatal, durante quatro anos, de 1969 a 1973, que se desenrolam as desventuras, fraquezas e martírios das personagens da ficção de Urariano Mota, estranhamente a primeira obra literária de fôlego, escrita em Pernambuco, sobre aquele vergonhoso período.

Uma geração inteira teve seu destino interrompido, sem esquecer que parte dela o teve corrompido, numa espécie de subterrânea execução em massa de potenciais lideranças comprometidas, realmente, com os destinos da população brasileira.

Os Corações Futuristas é um panorama dessa devastação, vista através da óptica de uma juventude silenciada. A crueldade impune continua a chocar suas sementes daninhas, sob as camadas de um esquecimento que o romance de Urariano, com toda a sua crueza, tão bem consegue desenterrar.

Urariano Mota, Os Corações Futuristas, Edições Bagaço, Recife, 1999 (Ficção).


O Citroen que Escrevia Novelas Mexicanas

Joel Neto publicou durante o ano de 2001 em diversos jornais e sites, nacionais e estrangeiros, a série de ficção "Classe de 74", e são justamente as versões integrais desses textos que se reúnem sob o título O Citroen que Escrevia Novelas Mexicanas. As suas páginas revelam-nos perspectivas das vidas de homens e mulheres comuns, com quem nos cruzamos no nosso quotidiano, e, no entanto, únicos nas múltiplas singularidades que compõem o quadro das suas existências. E é ao conhecermos mais de perto as particularidades que os tornam tão especiais, tão dignos de nota, que nos sentimos mais próximos das personagens destas histórias. Todas elas entraram, de uma forma ou de outra, na vida do narrador, em Lisboa ou nos Açores - Norberto Massinga, um polícia negro que todos os dias reúne uma assistência assídua a quem conta histórias no meio da rua Francisco Alvindo Correia, o tio-avô do narrador, um homem pobre, pequeno e humilde que julga ser James Bond, Pedro Machado de Sousa, para quem a vida se tornou insuportável, pois em todos os sons ouve música e busca, eternamente, o som perfeito; ou ainda, aquele mendigo sem nome que o narrador encontra a cada canto de Lisboa. Instantes díspares de vidas aparentemente longínquas, unidas pelo mesmo olhar que as observa, que se sente próximo, solidário, de alguém que partilhou e aprendeu e se reviu nos seus sonhos, nas fantasias, medos, encantos, desilusões, alegrias, sucessos ou cobardias. Um livro que nos confronta com as muitas realidades que podem caber na vida humana. (Texto adaptado da contra-capa)

Joel Neto, O Citroen que Escrevia Novelas Mexicanas, Editorial Presença, Lisboa, 2002 (Ficção).


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