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Notas de apresentação


Maquinações e Bons Sentimentos de Fernando Venâncio

«A crítica literária não foi feita, parece, para sossegar os espíritos. Onde houver opiniões sobre literatura, aí se instala o conflito. E isso é bom. A polémica dá colorido ao mundo das letras. Não é aquilo que fica, mas é seguramente o que mais ajuda a ficar.

Este volume, Maquinações e Bons Sentimentos, contém os melhores momentos das polémicas que Fernando Venâncio lançou e alimentou, sobretudo nos anos 90, e que envolveram Vergílio Ferreira, Saramago, Luiz Pacheco, António Guerreiro, Eduardo Prado Coelho e alguns outros. Estes textos desabridos, e por vezes cruéis, iluminam verdades incómodas e esclarecem alguns recônditos da nossa literatura de hoje.» (da contracapa)

Fernando Venâncio, Maquinações e Bons Sentimentos, Porto, Campo das Letras, 2002 (Crónicas).


Objectos Achados de Fernando Venâncio

«Este conjunto de ensaios desenha um percurso. Não é caso comum. Há recolhas de estudos onde nenhuma evolução se percebe, ou talvez tenha existido. Ou, tendo-a havido, aparece agora camuflada. A universidade, sempre assustada com a experiência do tempo, tende a encorajar essa encenação. Ora, em História Literária, decerto nela, nada é tão esclarecedor como o suceder de perspectivas, de abordagens, de resultados. Não é mau a gente enganar-se. Mau é não saber que fazer com o erro. E os estudos universitários vivem no pânico de errar.» (da Nota Prévia)

Objectos Achados - Ensaios Literários apresenta as seguintes temáticas: «Sobre a convenção da leitura»; «A persistência clássica»; «Vernaculidade, ontem e hoje»; «A linguagem da imprensa portuguesa (1840-1870) - Os testemunhos contemporâneos»; «O estilo "Campanha Alegre"»; «Escritores e consciência de escrita»; «A oralidade da ficção: - Cardoso Pires, Saramago, Olga Gonçalves, Mário de Carvalho»; «Um sorriso em Sintra ou a ironia portuguesa»; «As Farpas de Eça de Queirós: um objecto incómodo»; «O nosso problema em Machado de Assis»; «Efabulações fradiquianas».

Fernando Venâncio, Objectos Achados - Ensaios Literários, Porto, Edições Caixotim, 2002 (Ensaios).


Coágulos de Vergílio ALberto Vieira

«Talvez nenhum dos 25 fragmentos que compõem A Adivinhação pela Água, o primeiro dos dois livros reunidos neste volume, nos revele melhor do que este os princípios da arte poética que os orienta: «Da haste extrema cai o dia, e não há haste. Desde logo pelas ressonâncias aforísticas que o caracterizam, este fragmento parece pretender franquear-nos o acesso a um saber inefável, e todavia (ou por isso mesmo) abre um caminho que apenas poderá fazer-se sobre um processo de desaprendizagem. Comos e convidasse o leitor a abstrair dos quadros de referência habituais e a reconfigurar o seu conhecimento do mundo, a imagem que constitui o ponto de partida deste verso-poema é objecto de um processo de desestruturação que suspende o curso da leitura, obrigando-nos ao confronto com um sentido paradoxal, ou melhor, com um sentido produzido pelo encontro com o paradoxo e na superação do paradoxo.» (da introdução de Rosa Maria Martelo)

Vergílio Alberto Vieira, Coágulos, Íman Edições, Almada, 2002 (Poesia).


Anthologie de la Poésie Romantique Brésilienne

Os autores e os textos desta obra foram seleccionados por Isabel Patriota P. Carneiro, apresentados por Didier Lamaison, prefaciados por Alexei Bueno e traduzidos para francês por Álvares de Azevedo Macedo (os de Álvares de Azevedo e Fagundes Varela), Didier Lamaison (os de Gonçalves Dias e Casimiro de Abreu) e Cécile Tricoire (os de Castro Alves). Embora a edição seja cuidada, não deixa todavia de colocar algumas reticências a informação que nos dá ao dizer que os textos foram traduzidos do brésilien. Os editores da obra deveriam explicar que nova língua é essa, que não consta dos catálogos das línguas mundiais. Além disso, a forma como é apresentado o escritor Alexandre Herculano no prefácio de Alexei Bueno incute no público ignorante a ideia de que ele é brasileiro. Não há, assombrosamente, uma única referência à língua portuguesa e a Portugal. É como se não existissem e o Brasil fosse obra do Espírito Santo, como por aqui se diz. Será que os organizadores da obra desconhecem que o romantismo brasileiro foi largamente influenciado pelo romantismo português? Ou seria incómodo afirmá-lo? A não ser que os organizadores da edição não sejam académicos e desconheçam por completo a história da literatura luso-brasileira. Para uma obra promovida pela Unesco, que defende os valores universais, só temos a lamentar a forma sectária e tendenciosa como a mesma foi elaborada.

José Barbosa Machado, Junho de 2002

AA. VV., Anthologie de la Poésie Romantique Brésilienne, Eulina Carvalho / Éditions UNESCO, Paris, 2002. Edição bilingue (Poesia).


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