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Notas de apresentação


Cartas de um Viajante Francês

As Cartas de um Viajante Francês a um seu Amigo Residente em Paris surgem com a fi nalidade de refl ectir e apresentar uma síntese dessa refl exão sobre «o carácter e estado presente de Portugal», o que se traduz na feitura de uma espécie de relatório pormenorizado sobre a sociedade portuguesa, do modo de ser das pessoas às suas práticas religiosas, da composição dessa sociedade ao modelo educativo, das riquezas naturais à indústria existente, da agricultura ao comércio, dos divertimentos mais comuns às práticas culturais, da memória histórico-cultural à identifi cação de um presente, sem esquecer uma refl exão sobre a língua.

Trata-se de uma edição manuscrita feita em Paris no ano de 1784, composta por vinte cartas temáticas de tamanho variado, para além de uma introdução e de uma conclusão, apresentadas como tendo sido «traduzidas da língua francesa na portugueza por um português assistente em Paris».

O olhar que o viajante francês anónimo lança sobre Portugal defi nindo o estado da nação é o olhar de um outro que procura deixar-nos uma visão científi ca, objectiva, alicerçado num quadro de veracidade e seriedade que repetidamente reclama como que pretendendo desfazer a perspectiva unilateral que, afi nal, é a sua. Se é verdade que foi a partir do século XIX, com o Romantismo, que surgiram autores com o propósito de escreverem a sua viagem, o anónimo francês das Cartas antecede claramente essa tendência, já que não é um escritor casuístico como o foram William Beckford ou Carl Israel Ruders, e sim alguém que veio a Portugal para do país dar a outrem as suas impressões, confi rmando, ou não, o que dele ouvira falar ou sobre ele lera.

Título: Cartas de um Viajante Francês. Autores da edição e do estudo: Fernando Alberto Torres Moreira e José Barbosa Machado. Editor: CEL, 2007. Nº de páginas: 142.


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