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Crónicas


João de Mancelos: Memória dos Dias Eléctricos



Gente com «pedigree»

Coluna social sobre acontecimentos mundanos

Foi girérrimo. Aconteceu no C. C. B. (Centro Comercial de Belém), o lançamento dos novos carapuços Outono-Inverno da Woolmark.

A fina nata da nobreza e a gente da alta sociedade não podiam, é claro, deixar de estar presentes. Avistámos lá a Condessa de Baixa da Banheira (chiquérrima!), a Luisinha de Benetton e Lacoste (lindíssima!) e a Nini de Papaformigas e Sotto Mayor. Com algum atraso, mas ainda a tempo de avistarem a passagem de modelos, chegaram Diana Mil-homens (acompanhada por um estranho que diz ser seu guarda-costas) e a Baronesa de Táxi e Metro. Esta causou sensação ao trazer consigo um bichinho: um cachorro de raça chi-hua-hua, chamado Bobby de Piloto e Snoopy. Envergava um resplandecente colar anti-pulgas, revestido a diamante (o cãozinho, não a dona). Ainda compareceram alguns nobres, «habitués» destes «évenements»: o Conde de Monte Cristo e o Cavaleiro da Triste Figura.

Naturalmente que as individualidades da cultura lisboeta também acorreram ao local. Destaque para a fadista Amélia e a pintora Maluca. No intervalo, lançou-se o último livro do escritor e ensaista italiano Roberto Eco Eco, cuja cuja última última obra obra se intitula se intitula Em Nome do Cravo (uma homenagem à revolução portuguesa).

Depois da passagem de modelos, seguiu-se um beberete onde não faltaram «champagne», caviar e palmetas.

A conversa esteve animadíssima. Discutiu-se de tudo - desde a economia à política. O embaixador do Brasil falou sobre as grandes exportações do país-irmão: telenovelas e cirurgiões-dentistas. O ministro da educação rcebeu imeeeeensos pedidos no sentido de restaurar as disciplinas de Piano e Francês nos «curricula» do Secundário.

As receitas desta festa de caridade reverteram a favor da Sociedade de Roupas de Tricot para os Desalojados das Inundações. O «slogan» escolhido foi «Os alentejanos não sabem nadar».

Esteve tudo tão bem! Adorámos! Morra a gente banal, morra, pimba!

João de Mancelos, 1997

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