Colóquio Ao Encontro de Raul Brandão
Porto, Universidade Católica Portuguesa/Lello Editores, 2000
É um importante volume de quase 600 páginas, em que se publicam as participações apresentadas ao Colóquio sobre Raul Brandão, em forma de conferências, mesas-redondas e comunicações. Constituíra uma iniciativa promovida e realizada no Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, tendo ocorrido de 7 a 9 de Janeiro de 1999. Este evento científico surge, aliás, na sequência de outros que se realizaram anteriormente, , na área do Pensamento Português, sobre três "portuenses ilustres": Leonardo Coimbra, Teixeira de Pascoaes e Guerra Junqueiro.
Dada a sua qualidade e variedade temática, as quatro dezenas e meia de participações recolhidas nesta publicação contribuem decisivamente para revalorização da singular obra de Raul Brandão (1867-1930), através de uma perspectiva multidisciplinar. Esta abordagem plural está, aliás, de acordo e é mesmo exigida pela criação vasta e multifacetada deste escritor: ficcionista, dramaturgo, pensador, historiador, jornalista. Por isso, não surpreende a abertura que norteou as várias intervenções, organizadas em quatro grandes áreas temáticas: pensamento filosófico, religioso e estético; narrativa e teatro; história e cultura; epistolografia, diarismo e jornalismo. Entre os participantes, salientem-se os nomes de: Maria Alzira Seixo, Fernando Guimarães, Maria João Reynaud, António José de Brito, Fernando Catroga, Maria de Fátima Marinho, Eduardo Abranches de Soveral, José Augusto Seabra e Eugénio Lisboa, entre muitos outros.
Depois das comemorações do centenário do nascimento do escritor, em 1967, esta é a mais abrangente reflexão e a mais decidida homenagem que foram levadas a cabo sobre a obra brandoniana. Como dinâmica Presidente da Comissão Científica deste Colóquio, esteve a Prof. Doutora Maria João Reynaud, da Faculdade de Letras do Porto, conhecida especialista da obra do escritor homenageado. Enfim, da leitura deste rico conjunto de ensaios, destacam-se novos caminhos de interpretação para a reapreciação e reconhecimento de Raul Brandão como um dos nomes mais representativos da transição literária e cultural entre os dois séculos, situado numa verdadeira encruzilhada estética. Assim se faz a História Literária, com sucessivas e renovadas apreciações críticas.
Cândido Martins, Outubro de 2000