Letras & Letras

Recensões

António Feijó, Poesias Dispersas e Inéditas

Porto, Caixotim, 2005 (pref., fixação do texto e introdução de Cândido Oliveira Martins)

Foi agora apresentado publicamente o volume das Poesias Dispersas e Inéditas de António Feijó. A apresentação da obra foi feita pelo Doutor António Maciel Feijó, professor da Faculdade de Letras de Lisboa e descendente do poeta.

Em Junho de 2004, aliás, publicou-se a reedição das Poesias Completas, obra esgotada há vários anos (Bertrand, 1940), numa edição também organizada pelo referido Cândido Oliveira Martins. Agora, vem a público o esperado volume complementar, intitulado Poesias Dispersas e Inéditas.

Trata-se de uma edição há muito aguardada pelos leitores do poeta, com rigorosa transcrição dos textos. Os poemas são criteriosamente anotados, com a indicação das fontes onde foram previamente editados ou de onde foram reproduzidos.

Não alterando significativamente o conceito que temos da poética de António Feijó, este volume completa e aprofunda, de um modo significativo, o conhecimento da sua obra literária. Mais ainda, esta publicação enriquece seguramente o nosso património cultural e a história literária da transição entre os dois séculos.

O volume das Poesias Dispersas e Inéditas tem a assinalável particularidade de recolher, pela primeira vez em livro, um conjunto muito alargado de poemas que Feijó publicou em diversos jornais e revistas, a partir dos últimos anos do séc. XIX, e que nunca antes foram reunidos em volume.

Além disso, esta obra das Poesias Dispersas e Inéditas é enriquecida pela publicação de um notável conjunto de poemas inéditos, reproduzidos a partir de manuscritos do próprio António Feijó. Alguns desses manuscritos autógrafos – em posse de bibliófilos particulares – são mesmo reproduzidos fotograficamente nesta cuidada edição, concretizada com o apoio da Câmara Municipal de Ponte de Lima.

A presente obra de Feijó é organizada em seis secções temáticas: 1) “Juvenilia” recolhe as primeiras composições do jovem poeta, estudante em Braga e em Coimbra; 2) “Poesia épica” integra duas composições épico-dramáticas, de longa estruturação; 3) “Lira chinesa” agrupa um número significativo de traduções (de Le Livre de Jade, de Judith Gautier) que o poeta não inseriu no seu Cancioneiro Chinês; 4) “Veia cómica” reúne um apreciável e jocoso grupo de poemas, ora cómico-satíricos, ora de natureza parodística; 5) “Lira diversa” associa um conjunto de poemas de natureza mais ou menos lírica; 6) “Lira popular”, por fim, junta poemas de cunho popular.

Entre muitos outros destaques desta edição, mencione-se a publicação das curiosas primícias literárias de Feijó, como o poema “Paradoxo”, tradução livre de uma conhecida composição de Baudelaire. Destaque-se também o longo poema inédito, intitulado “Epopeia de D. Quixote”, encenando dramaticamente um diálogo entre Cristo e o falecido cavaleiro da Mancha.

São igualmente muito reveladores da exigente oficina de Feijó os vários poemas chineses não incluídos no seu Cancioneiro Chinês e aqui reproduzidos. Realce ainda, entre os textos cómico-satíricos, para os poemas onde Feijó parodia, de um modo lúdico e faceto, a retórica da poética simbolista, de um Eugénio de Castro.

Voltar à página inicial

Colaboradores | Coordenação | Contactos | © 1997-2015 Letras & Letras