José Viale Moutinho

José Viale Moutinho

José Viale Moutinho nasceu no Funchal no dia 12/6/1945. Escritor e jornalista no Diário de Notícias. Tem realizado investigações sobre a vida e a obra de alguns escritores portugueses do Séc. XIX, recuperando epistolografia e textos inéditos ou esquecidos de Camilo Castelo Branco, Trindade Coelho, António Nobre e Joaquim de Araújo, entre outros. Também trabalha sobre a Guerra Civil de Espanha (1936-1939), guerrilheiros espanhóis antifranquistas actuando em Espanha e na Resistência Francesa (maquis), bem como acerca da deportação de antigos combatentes da II República Espanhola em Mauthausen e Dachau. Participou no movimento português da Poesia Experimental e em exposições de Arte Postal. Autor de numerosos textos em catálogos de Artes Plásticas. Integrou a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da Morte de Camilo. Traduziu romances, ensaios e peças de teatro, estas para companhias profissionais que as representaram.

Com contos, poemas e narrativas, colaborou em diversas publicações: República (Lisboa), O Diário (Lisboa), Schema/Rivista di Poesia (Milão), Hífen/Cadernos de Poesia (Porto), Feria (Albacete), Nagyvilág (Budapeste), Extramundis/Papeles de Iria Flavia (Iria Flavia), Il Piccolo (Trieste), Península (Barcelona), Persona/Centro de Estudos Pessoanos (Porto), O Escritor (Lisboa), Barcellos Revista (Barcelos), Boletim da Casa de Camilo (VN de Famalicão), Colóquio/Letras (Lisboa), Rurália (Arouca), Prelo (Lisboa), Dimensão/Revista de Poesia (Uberaba), Malvís (Madrid), Sempre (Porto), etc.

Vários prémios literários e de jornalismo. Na Galiza foi-lhe atribuído o prestigiado Pedrón de Honra em 1995, e, no ano anterior, na Alemanha, foi finalista do Prémio Europeu de Conto. Correspondência: Apartado 4699 – 4012 Porto Codex – Portugal.

I – Obras publicadas:

a) Poesia: Urgência – Com um retrato do autor por Augusto Mota. Porto, 1966; Atento Como Um Lobo – Porto: Cadernos da Rua Escura, 1975; Crónica do Cerco – Lisboa: O Malho, 1978. Prémio Júlio Pereira de Matos, da Casa da Imprensa; Quarteto de Viagens e Paixões – Lisboa: Arcádia, 1980; Correm Turvas as Águas deste Rio – Lisboa: Guimarães Editores, 1983; Auto-Retrato Parecido com Fantasmas. Coimbra: Vértice, 1983; Os Túmulos – Porto: Fantasporto, 1984; O Rude Tempo. Porto: AJHLP, 1985; Piano Bar – Lisboa: Caminho, 1986; Máscaras Venezianas. Porto: Cadernos da Rua Escura, 1987; Retrato de Braços Cruzados – Com desenhos de Fernando Lanhas. Lisboa: Caminho, 1989; As Portas Entreabertas (1975/85). Prefácio de João Rui de Sousa – Ponta Delgada: Signo, 1991; Caderno de Entardecer – Com um desenho original do autor. Porto: A Rua Escura, 1996; O Amoroso – Com desenhos de José Rodrigues. Porto: Campo das Letras, 1997; Nomes de Árvores Queimadas – Com desenhos do autor. Coimbra: Livraria Minerva, 1997.

Está representado nas seguintes antologias e volumes colectivos: A Ilha dos Amores – Porto: AJHLP, 1984; Olhos de Orfeu, org. António Roberval Miketen. Porto: AJHLP, 1985; Poet’Arte 90. Funchal: Associação de Escritores da Madeira, 1990; A David, org. Pen Clube. Porto: Limiar, 1997; Tudo o que a Água Consigo Leva (Respostas Poéticas à Arte de – Carlos Paredes). Lisboa: Edições Tema, 1997.

Edições estrangeiras: Mázcares Venecianes – Trad. asturiana e prefácio de Adolfo Camilo Diaz. Oviedo: Aina Editorial, 1989; Un Caballo en la Niebla (1900/00) – Organização e tradução para castelhano de Félix Romeo Pescador. Prefácio de Antonio Martinez Sarrión. Saragoça: Olifante, 1992; Nombres de Árboles Quemados – Bilingue. Tradução para castelhano de Adolfo Camilo Diaz, X. L. Méndez Ferrín, Miguel Anxo Fernán-Velo, Xela Arias et allii. Prefácio de José Luís Garcia Martin. Ed. Ateneo Obrero de Gijón, 1993; Areias onde Gregos se Perdem – A Corunha: Espiral Maior, 1998.

Em antologias e volumes colectivos publicados no estrangeiro: Rosalírica (Homenaxe de 27 Poetas Portugueses a Rosalía De Castro), org. Xosé Lois Garcia. Sada: Ed. do Castro, 1985; Dinant a Barcelona Sopant Lisboa, org. e trad. catalã de Jordi Domènech. Sabadel: S, 1997.

2) Ficção: Natureza Morta Iluminada – Apresentação de Ana Hatherly. Com um desenho de Fernando de Oliveira. Porto: Gémeos, 1968; No País das Lágrimas – Com desenhos de Domingos Lopes. Porto: Livraria Paisagem, 1972; O Jogo do Sério – Porto: Livraria Paisagem, 1974; Histórias do Tempo da Outra Senhora – Com desenhos de Fernando de Oliveira. Porto: Latitude, 1974. 2ª ed.: Prefácio de Maria da Glória Padrão. Lisboa: Ulmeiro, 1985; Cabeça de Porco – Lisboa: Forja, 1976; Apenas uma Estátua Equestre na Praça da Liberdade. – Com prefácio de Fernando Assis Pacheco. Porto: Nova Crítica, 1978; Entre Povo e Principais – Amadora: Bertrand, 198; Romanceiro da Terra Morta – Lisboa: Caminho, 1988; Arqueologia da Terra Prometida – Lisboa: Euroclube, 1989; Pavana para Isabella de França – Lisboa: Difel, 1990; Hotel Graben – Lisboa: Ulmeiro, 1998.

Representado nas antologias e volumes colectivos: Escrita e Combate – Lisboa: Ávante!, 1976; Daqui Houve Nome Portugal, org. Eugénio de Andrade. Porto: O Oiro do Dia, 1983. 3ª ed; Contos – Com desenhos de João Abel Manta. Lisboa: Caminho, 1985; A Emigração na Literatura Portuguesa, org. ª M. Pires Cabral. Lisboa: Secretaria de Estado da Emigração, 1985; Narrativa Literária de Autores da Madeira Séc Xx, org. Nelson Veríssimo. Funchal: Secretaria Regional de Turismo, Cultura e Emigração, 1990; Imaginários Portugueses. Coimbra;: centelha, 1992; Em Nome de Abril. Coja. Ed. Moura Pinto, 1995; Narrativas Contemporãneas da Madeira/Récits Contemporains de Madére, org. Thierry P. dos Santos et allii. Funchal: Secretaria Regional de Educação, 1997.

Edições estrangeiras: En El Pais de las Lagrimas. Trad. Castelhana de Xavier Rodrigues Baixeras. Prefácio de X. L. Méndez ferrín. Vigo: Xerais, 1988. Prémio de Tradução da Sociedade de Língua Portuguesa; Cuentos Fantásticus – Organização, prefácios e tradução asturiana de Adolfo Camilo Diaz e Xandru Fernández. Ovuedo. Academia de la Llingua Asturiana, 1992; Panteón de Familia – Trad. Castelhana e prefácio de Maria Tecla Portela Carreiro. Madrid: Ediciones Libertarias,1993; Camiñando sobre as Augas – Tradução galega de Xela Arias. Vigo: Xerais, 1993.

Em antologias e volumes colectivos publicados no estrangeiro: Narrativa Marítima Portuguesa. Varna: Ed. Bakalov, 1978; De Todo o Mundo. Moscovo: Ed. Moldaia, 1985; Sede Central: Relatos. Vigo: Alube Cultural Adiante, 1988; Europaische Kurzprosa. Ed. Stadt Arnsberg, 1994; Weltkrimis Krimiwelten, org. Helga Anderle e Jurgen Alberts. Berlim: Eisbar Verlag, 1995; Al Caffè San Marco, org. Stelio Vinci. Trad. Italiana de Caffè San Marco. Triste: Ed. Lint, 1995.

3) Edições especiais: Os Laços – Poema. Com uma aguarela de Júlio Resende. Porto: Inova, 1979. Tiragem de 125 exemplares, numerada; Torre de Menagem – Com litografias de José Emídio e um retrato do autor por Fernando Lanhas. Porto: Árvore, 1978. Tiragem de 116 exemplares. Numerada e assinada pelos autores; Un Castello di Sabbia? – Bilingue. Tradução italiana por Emilio Coco. Bari: Quaderni della Valli, 1900. Tiragem numerada de 200 exemplares; Diário de Arnsberg – Com serigrafias de Henrique Silva e um retrato do autor em desenho litografado por Isaac Diaz Pardo. Porto: Árvore, 1900. Tiragem de 88 exemplares, numerada e assinada pelos autores.

4) Literatura Infantil: Manhas de Gato Pardo – Com desenhos de João Luís. Lisboa: Plátano, 1978; O Adivinhão – Com desenhos de João Botelho. Porto: Afrontamento, 1979. 5ª ed., 1998; Fernando Pessoa – Com desenhos de Fernando de Oliveira. Porto: Campo das Letras, 1995.

5) Estudos/Antologias: Memória do Canto Livre em Portugal – Lisboa: Futura, 1975; De Foice Erguida (Poesia Galega de Combate) – Coimbra: Centelha, 1978; A Fala Mirandesa em Vias de Extinção. Vila real: Nucleo Cultural Municipal de Vila Real, 1980; Contos Populares Portugueses – Mem Martins: Publicações Europa-América, 1980. 3ª ed; Histórias Jocosas a Cavalo num Barbante (O Humor na Literatura de Cordel dos Sécs. XVIII-XIX). Porto: Nova Crítica, 1980; Correspondência de Joaquim de Araújo com Camilo Castelo Branco e Ana Plácido. Penafiel: Círculo Cultural Penafidelense, 1981; 5 Cartas Inéditas de Camilo A Fernando Castiço. VN de Famalicão: Casa de Camilo, 1984; Sobre António Fogaça. Barcelos: Barcellos, 1984; Inéditos de Trindade Coelho com Interesse Etnográfico. Porto: Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, 1985; Terra e Canto de Todos (Vida e Trabalho no Cancioneiro Popular Português). Porto Domingos Barreira, 1987; O Capítulo Espanhol das Traduções das Obras de Camilo. Porto: Bibliotheca Portucalensis, 1990; Ó Meu Amor, Meu Amor (Quadras Populares Portuguesas) – Porto: Campo das Letras, 1994; Adivinhas Populares Portuguesas – Lisboa: Notícias, 1998, 5ª ed.

Em volumes colectivos: Experiência da Liberdade, org. E. M. de Melo e Castro. Lisboa: Diabril, 1976; Encontros com Fernando Namora, org. José Manuel Mendes. Amadora: Bertrand, 1981. 2ª ed; Paços de Ferreira: Textos & Imagens. Ed. CM de Paços de Ferreira, 1984; Bibliotecas: Memórias e Mais Dizeres. Org. Henrique Barreto Nunes. Ed. Biblioteca Pública de Braga, 1988; Palavras no Tempo. 2 vols. Lisboa: Diário de Notícias/Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1991; Camilo: Interpretações Modernas, org. Óscar Lopes e alli. Porto: Comissão Nacional das Comemorações Camilianas: 1992; Um Olhar Português. Com fotos de Jorge Barros. Lisboa: Círculo de Leitores, 1992; In Memoriam: Camilo (Centenário da Morte), org. M. Lourdes Ferraz. Porto: Comissão Nacional das Comemorações Camilianas, 1992; Revoltas Republicanas no Porto. Porto: Galeria Imagolucís, 1997.

Edições estrangeiras: Un Abril en Portugal – Tradução castelhana de M. Fernanda Abreu. Madrid: Júcar, 1974; José Afonso – Tradução castelhana de Ezequiel Méndez. Madrid: Júcar, 1975.

6) Entrevistas, viagens, crónicas e outros: Aquém e Além Montes (textos de andarilho) – Porto: Domingos Barreira, 1988; A Sala dos Espelhos – Porto: Lello & Irmão, 1993; No Pasarán! (Cenas e Cenários da Guerra Civil Espanhola) – Lisboa: Notícias, 1999. Prémio de Reportagem DN e Prémio Norberto Lopes, da Fundação Norberto Lopes/Casa da Imprensa.

II – Alguns excertos da crítica:

Sobre Natureza morta iluminada:

Imaginação, habilidade expositiva, caracterização rápida de ambientes e personagens – eis as suas virtudes mais salientes. – Luiz Pacheco (Textos de Guerrilha 2, 1981).

Uma espécie de novela, entre o fantástico e o possível, em que a linguagem tem a função principal, construída que é com inteligência, aguda percepção de funcionamento da frase, da palavra, que ora se desdobra em clareza, ora se subtrai ao nosso domínio pelas tonalidades densas, esmaecidas ou demasiado fortes para os nossos olhos. JVM se revela um escritor já seguro de sua forma de expressão. – Laís Corrêa de Araújo (Suplemento Literário de Minas Gerais – Brasil).

Esplêndida manifestação de juventude e talento é esta curta narrativa de JVM, que põe em causa a personagem literária e sobretudo, através dela, a própria personalidade humana, os seus contornos ilusoriamente nítidos, no tempo e no espaço, a sua fabricada coesão, ou coerência. Novela agressiva e, ao mesmo tempo, subtil, NMI pesquisa, na marinha da existência, a trama da verdade e da ilusão, que a todo o instante se interpõe e se co confundem. – Urbano Tavares Rodrigues (Jornal do Comércio – Lisboa).

Um dos aspectos de validade e interesse desta natureza morta está, pois, em plasticizar, no movimento de escassas figuras, a vida exterior com a vida interior de cada uma delas, numa sequência de quadros a que não falta inquietante humanidade. – Guedes de Amorim (O Século Ilustrado).

Sobre No País das Lágrimas:

Um narrador irónico, cru, estuante de fantasia, notável pela economia de processos e capaz de atingir, por vezes, os pontos fulcrais da vida e da sociedade portuguesa. – Urbano Tavares Rodrigues (República, Lisboa) Constitui uma das maiores surpresas do ano literário português e passa desde já a ser um dos nossos raros bons exemplos de incursão ao absurdo, valendo-se da prodigiosa capacidade de efabulação. – Fernando Assis Pacheco (República).

Constitui uma das grandes revelações literárias dos últimos anos, pela frescura e vigor da imaginação, pela celeridade da acção, pela luminosidade e pelos cortes abruptos da escrita, levanta problemas apaixonantes. – Urbano Tavares Rodrigues (O Século).

Uma visão da condição humana notavelmente lúcida e uma impiedosa maneira de se debruçar sobre as coisas e as gentes, o autor consegue, por vezes, aterrorizar pela verdade e pelo tom irónico com que expõe factos e prevê ou denuncia situações. – Liberto Cruz (Colóquio).

Narrações breves em que o realismo e a fantasia se entrelaçam num tom ironicamente agressivo. – Félix Cucurull (Enciclopedia Espasa-Calpe).

Uma experiência de voluntária descoberta de novas formas de expressão literária. – Álvaro Salema (A Capital).

Contos nada concessivos, duros na sua delicadeza e feros no seu mais que expressar, desenhar e sugerir, bem escritos e coerentes com a trajectória anterior do escritor. – Maria Victoria Reyzabal (Reseña, Madrid).

Imaginação exuberante, intuição viva de situações que num ou noutro caso adquirem um profundo simbolismo e atingem o nível do mito. JVM, mais uma vez, revela positivas possibilidades para um género ainda pouco abordado entre nós e que é o mais adequado e eficaz para pôr em destaque e em processo um certo número de problemas que o realismo nem sempre consegue dar com a violência requerida. Tais são a ineficiência dos mitos clássicos da nossa época de profundas transformações e criadora de mitos novos, as relações entre o passado e o futuro, o drama da identidade e da comunhão, as metamorfoses revistas, como em Kafka, com povos que se convertem em murganhos, a abstractização do homem, que JVM nos dá sempre tão bem com os seus personagens obsessivamente metidos numa função absurda de que se não libertam, o sangrento resultado da defesa dos bens materiais em contraste com a inocência e humanidade as arte, a alienação do homem no poder ou a identificação do rebelde com o tirano, etc. – Nuno Teixeira Neves (Jornal de Notícias).

Sobre Histórias do Tempo da Outra Senhora:

Histórias (histórias?) terríveis, em que a própria prosa é clandestina luta. Ler este livro é uma experiência invulgar, porque o dramático não é artificialmente criado e entregue ao nível do significado, mas está desde logo no significante eruptivo e invasor. – Pedro Tamen (Expresso).

Criação artística e obra revolucionária, no sentido político e no sentido de invenção formal, de pesquisa onírica e poética, de recuperação do facto metamorfoseado pelo tempo-ilusão. Livro de combate, livro de experimentação da palavra (pesquisa ora paralela ora fundida numa linguagem solta, brusca, carregada de elementos macabros e satíricos. – Urbano Tavares Rodrigues (in Ensaios de Após Abril, 1977).

Este narrador poeta (que o é no Dom invulgar da síntese e na própria estrutura poemática das unidades narrativas) fornece-nos, precisamente no entrosamento do real comezinho e do real fantástico, um modelo de escrita materialista. Facto curioso, ao mesmo tempo que tenta fazer surgir o novo da oposição, do entrechoque de elementos verbais-culturais díspares e, necessariamente, de certas similitudes realacionais – porque sempre na escrita há resíduos de leitura que se dilatam -, JVM quer intensamente comunicar e significar, recusa a literatura como só literatura, ou seja como realidade essencial. Assim evita muitos dos clichés da modernidade só de hoje e a História – a luta de classes – está bem presente em todos estes textos, que fogem à norma de um contexto literário já especializado. – Urbano Tavares Rodrigues (in Realismo, Arte de Vanguarda e Nova Cultura, 1978, 2ª ed.).

Um jogo de erros, de incongruências que começam a engendrar os ritos pelos quais se serve uma mitologia de terror, quase uma mística de terror. E é este um eixo da literatura de resistência de JVM:0 fixar em texto o real processo de discurso fechado indo até ao requinte de uma linguagem ela própria esfacelada pelos seus lexemas cortados a meio ou pelas suas sintaxes estranguladas. Escrever assim é delegar num texto a explosão de uma denúncia. – Maria da Glória Padrão (prefácio à 2ª edição).

Sobre Cabeça de Porco:

Numa escrita extremamente ágil e cheia de novidades surpreendentes para o leitor, mas sempre eficientes do ponto de vista de expressão, JVM transpõe o real para um quase surreal de amargura e grosseria, para uma nova pauta onde a realidade resulta extremada mas não caricaturada, e muito menos negada. Nisso, mas não só nisso, aqui tem o leitor verdadeira prosa e verdadeira prosa portuguesa. – Pedro Tamen (Expresso)..

JVM tem vindo a afirmar-se um dos mais imaginativos e lúcidos contistas portugueses que nos últimos anos se distinguiram. Ironia, efabulação, uma larga e mordente fantasia, a sondagem dos espaços reservados do eu psíquico e social, a viagem, sempre saborosa, pelo super-real, o apego ao concreto multi-significante, o recurso a processos de estilo que tornam a sua escrita ágil e envolvente – eis algumas das ferramentas das suas histórias. JVM coloca as situações escolhidas ante o confronto com o absurdo e vaza-as pela sátira e pelo ridículo, pela ironia (estuante de bom gosto) e pela lógica implacável duma visão transformadora do homem e da vida. Eis um dos mais vivazes temperamentos novelescos da nossa mais recente literatura. – José Manuel Mendes (Seara Nova).

Sobre Romanceiro da Terra Morta:

Basta ler este livro de JVM – e com que prazer o fizemos, e com que segurança o recomendamos – para que o leitor se dê conta que está na presença de um genuíno novelista, de um grande escritor, daqueles que, no momento actual, honram a pátria das nossas letras. – Miguel Serrano (O Diário, Lisboa).

O regresso de um grande contista português. Excelente motivo para pensarmos que nem só de vazio se faz literatura. – Francisco José Viegas (Semanário, Lisboa).

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