ZECA AFONSO

Viva o poder popular

Não há velório nem morto
Nem círios para queimar
Quando isto der prò torto
Não te ponhas a cavar

Quando isto der prò torto
Lembra-te cá do colega
Não tenhas medo da morte
Que daqui ninguém arreda

Se a CAP é filha do facho
E o facho é filho da mãe
O MAP é filho do Portas
Do Barreto e mais alguém

Às aranhas anda o rico
Transformado em democrata
Às aranhas anda o pobre
Sem saber quem o maltrata

Às aranhas te vi hoje
Soldado, na casamata
Militares colonialistas
Entram já na tua casa

Vinho velho vinho novo
Tudo a terra pode dar
Dêm as pipas ao povo
Só ele as sabe guardar

Vem cá abaixo ó Aleixo
Vem partir o fundo ao tacho
Quanto mais lhe vejo o fundo
Mais pluralista o acho
Os barões da vida boa
Vão de manobra em manobra
Visitar as capelinhas
Vender pomada da cobra


A palavra socialismo
Como está hoje mudada
De colarinho a Texas
Sempre muito aperaltada


Sempre muito aperaltada
Fazendo o V da vitória
Para enganar o proleta
Hás-de vir comigo a glória


O Willy Brandt é macaco
O Giscard é macacão
O capital parte o coco
Só não ri a emigração


De caciques e de bufos
Mandei fazer um sacrário
Para por no travesseiro
Dum cura reaccionário


Não sei quem seja de acordo
Como vamos terminar
Vinho velho vinho novo
Viva o Poder Popular