Cantai bichos da treva e da aparência Na absolvição por incontinência Cantai cantai no pino do inferno Em Janeiro ou em Maio é sempre cedo Cantai cardumes da guerra e da agonia Neste areal onde não nasce o dia Cantai cantai melancolias serenas Como trigo da moda nas verbenas Canta cantai guisos doidos dos sinos Os vossos salmos de embalar meninos Cantai bichos da treva e da opulência A vossa vil e vã magnificência Cantai os vossos tronos e impérios Sobre os degredos sobre os cemitérios Cantai cantai ó torpes madrugadas As clavas os clarins e as espadas Cantai nos matadouros nas trincheiras As armas os pendões e as bandeiras Cantai cantai que o ódio já não cansa Com palavras de amor e de bonança Dançai ó Parcas vossa negra festa Sobre a planície em redor que o ar empesta Cantai ó corvos pela noite fora Neste areal onde não nasce a aurora |