ZECA AFONSO

Que amor não me engana

    Que amor não me engana
    Com a sua brandura
    Se da antiga chama
    Mal vive a amargura

    Duma mancha negra
    Duma pedra fria
    Que amor não se entrega
    Na noite vazia?

    E as vozes embarcam
    Num silêncio aflito
    Quanto mais se apartam
    Mais se ouve o seu grito
Muito à flor das àguas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira

Em novas coutadas
Junta de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
Pelo nascer do dia