O Castelo de Lindoso situa-se na freguesia do mesmo nome, a de maior área do
concelho de Ponte da Barca (cerca de 4120 hectares), no distrito de Viana do
Castelo, fazendo fronteira com Espanha. Estende-se pela vertente Norte da Serra
Amarela, na margem esquerda do rio Lima.
Castelo Afonsino (classificado monumento nacional), reconstruído por D.
Dinis, em 1278, com baluartes e torre de menagem, alterado na época da
Restauração.
O topónimo Lindoso deriva de Limitosum (Limesitis) e não de Lindo, como
fantasiosamente se afirma. O lugar estratégico que é Lindoso, esteve sempre
relacionado com a defesa de passagem pela portela da Serra Amarela e pelo Vale
do Cabril, e respondendo princípio da formação de Portugal, à concepção de uma
cintura defensiva ao longo da raia seca confinante com o reino vizinho.
A sua fundação como castelo, deve situar-se no início do Séc. XIII, com D.
AfonsoIII, devendo a data situar-se entre 1220 e 1258, dado que nas inquirições
da primeira data não se lhe faz referência e na da segunda sim.
Mandado restaurar e ampliar por D. Dinis, a quem alguns atribuem a torre de
menagem, que nele residia durante as caçadas que fazia no Gerês.
O Castelo foi reforçado por obras do séc. XVII, mas conserva quase
perfeita a sua arquitectura medieval.
Na construção inicial duas torres quadrangulares defendem a porta de armas,
virada para a povoação. No lado oposto, a torre de menagem(1), ampla e de 15
metros de altura, tem a face norte alinhada com acerca que a substitui. Ao seu
lado, no sitio onde é a entrada actual da época moderna, deve ter existido a
porta da traição, hoje junto à ponte levadiça(4).
Embora a cerca do Castelo tenha um aspecto românico por não ter torres
defensivas a flanqueá-la nem mesmo nas esquinas, os especialistas consideram-na
já gótica, pelo facto de a torre de menagem estar integrada na cerca e no adarve
e por causa dos seus mata-cães.
Deve tratar-se de uma solução económica, tanto mais que a função
estratégica dos torreões defensivos foi suprida pela existência de
varandas (góticas) defensivas, apoiadas em mata-cães(3) que se
apresentam em todos os pontos onde a cerca muda de direcção.
A porta de armas, pela solução gótica que apresenta e pelo escudo que a encima
sugere a época de D. Afonso III. No interior, além da cisterna(2), há
construções arqueológicas de bastante interesse, entre elas a casa do
Alcaide e da guarnição, a capela e o forno, este com cerca de 1,80m de
altura interior e um diâmetro de cerca de 2,5m , e ainda bastantes pedras
com datas gravadas. O mesmo interesse se aplica às obras abaluartadas que o
contornam.
Os abaluartados são fortificações inspiradas no sistema do engenheiro
francês - Vauban, foram mandados executar pelos espanhóis durante as campanhas
de Guerra da Restauração, no período que vai dos fins de 1662 a princípios de
1664, durante o qual o Castelo nos foi tomado por eles e esteve sob o seu
domínio.
A traça da cintura Vauban é se D. Gasparo Squarciáfico, marquês de
Buscayolo, eng. italiano ao serviço de Castela (1662).
Os abaluartados apresentam o aspecto de um pentágono irregular envolvendo
completamente a fortaleza medieval e construídos por grossas muralhas, que
formam as faces do pentágono, cinco baluartes que são bastiões salientes de
reforço que cobrem os ângulos mortos, um revelim que defende a secção de muralha
em frente da ponte levadiça, que dá acesso à actual entrada principal do
Castelo.
Com as obras do Séc. XVII foi invertida a posição da entrada principal do
Castelo, passando a ser a antiga porta da traição, ficando a anterior apenas com
acesso ao interior abaluartado do reduto sul.
Lindoso foi o local de luta mais acesa de Entre-Douro e Minho, na guerra da
Restauração.
1641
-24.Agosto:- Manuel Sousa Abreu, com outros nobres entrou na
Galiza por Lindoso.
-9.Setembro:- Manuel de Sousa, entrou com 1000 homens
desbaratou os galegos em Compostela, povoação a 2 léguas da fronteira.
-10.Setembro:- Voltou a vencer os Espanhóis nas margens do rio
Buscalque.
1642
-14.Setembro:- Bento da Silva Marques, Capitão-Mór de Ponte da
Barca e Arcos, com o seu irmão, Capitão-mor dos Regalados, entrou na Galiza por
Lindoso e foi até Bande, vencendo tudo.
-16.Setembro:- O exército português que tinha entrado na Galiza
por Melgaço, regressa a Portugal por Lindoso.
1643 -15.Agosto:- Forças de Lindoso e Ponte da Barca,
sob o comando de Francisco de Sousa e Castro, tomam parte na conquista de
Salvaterra.
1657
-D. Vicente Gonzaga manda atacar o Castelo de Lindoso, mas os espanhóis
foram levados de vencida. Pouco depois voltaram a atacar pela Serra Amarela com
600 homens de infantaria e cavalaria. Manuel de Oliveira Pimenta desbarata-os
com as forças do Lindoso.
1662
Baltazar Pantoja, general espanhol, entra em Portugal pela fronteira do rio
Minho, estabelece Quartel General no Paço de Giela (Arcos), atravessa o rio Lima
em Vila Nova e ocupa o Castelo da Nóbrega, para daí atacar a Barca e Braga, o
que não conseguiu por oposição do Conde de Prado, comandante das Armas do Minho.
Atacou de seguida o Castelo de Lindoso com 1500 infantes e 1500 cavaleiros,
comandados pelo General de Artilharia D. Francisco de Castro. Em Lindoso,
reforçaram as tropas do General Castro 3000 infantes e 12 peças de artilharia
que o arcebispo de Compostela lhe mandara.
Defendia o Castelo de Lindoso o alcaide-mor, Manuel de Sousa Menezes, com
pequena guarnição. Lutou bravamente com os seus homens durante 5 dias e
impedido, pelas tropas do cerco, de receber os reforços do Comandante de Armas
do Minho, foi vencido com pesadas baixas, entre as quais 4 capitães, 1
sargento-mor e muitos soldados, além de ele próprio com vários ferimentos.
Tomando o Castelo, os espanhóis aprontaram-se a rodeá-lo do sistema
defensivo Vauban, pois a dificuldade da sua conquista indicava os portugueses se
apressariam a reconquistá-lo.
Foi o que aconteceu, pois logo em 1663, apesar de já fortificado, o Castelo
foi retomado por Vasco Azevedo Coutinho.
Depois da Guerra da Restauração voltou-se a uma situação em que as
guarnições militares foram maioritariamente colocadas ao longo das fronteiras
com Espanha.
Valença era a Praça Forte da Guarnição do Minho e o Castelo de Lindoso um
seu destacamento, com cerca de 300 homens.
Esta situação manteve-se até 1895, data na qual, pela última vez o castelo
cumpriu a sua função militar de sentinela avançada do Passo da Amarela.
A defesa do Passo (ou Portela) e do Vale de Cabril assentava numa estratégia
em que o Castelo funcionava como segunda linha do Campo Entrincheirado da "Chão
de Clérigo", da qual se dominam os montes da Madalena, além do Rio Cabril e
entrada deste, por onde se atinge o Vale do Homem e do Cávado e vice-versa.
Hoje o Castelo de Lindoso, depois dos trabalhos de restauro com respeito pela
sua história, está transformado num espaço vivo, no qual se desenvolvem
actividades culturais, promovidas pela Autarquia, pelo Parque Nacional
Peneda-Gerês e pelo Museu Militar do Porto.
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