Joaquim Matos

A IDADE DO TEMPO

(texto integral)




Aquele que, nos seus mais tenros anos,
Algo de novo encontra que de amor o rende,
Alta esperança cria, e voa firme
Nas viris asas de sentir-se um homem:
Mas que riquezas são seus pensamentos.
Mas o deleite humano cresce um breve tempo,
E no chão tomba quão depressa o arranca
Um fatal pensamento que às raízes torce.


PÍNDARO (Grécia, 518-438 a. C.)




O INSTINTO DA LÃ

Éramos púberes.
De nosso
a seda
dos equinócios precoces.
Soltaste o corpo
na prece da minha língua.
Os herbívoros pastavam perto:
até nós chegava
o instinto das suas lãs.
Inundei de silêncio
o grito do teu fogo.




O ORGASMO DA CLOROFILA

A sesta abate os camponeses.
É nosso
o silêncio dos milheirais.
Mais que o sol
nos queima a alma
nos nossos braços
de eriçada penugem.
É nossa a natureza
em todo o seu orgasmo
de clorofila insustentável.




NARRATIVA DA SEDE

Sabes das órbitas
que governas
em volta da minha boca
despudoradamente pura.
Escorre-te pelas ancas
a tensão nos meus dedos
controladamente desgarrados.
Um clímax se adivinha
na narrativa da sede.




CELAS DA MEMÓRIA

Talvez um dia
exumemos os corpos insepultos
na lágrima cristalizada.
Temos as chaves
das celas da memória.
Seriam nossas
novamente
as sensações primeiras
que oferecemos aos pássaros
e à sedução das algas.




O CORPO NA POSIÇÃO DA VIDA

Coloca o corpo
dobrado
submisso
na posição da vida.
Deixa que o diamante
lapidado
te corte pelo meio.
Sê a herança
selvagem
que te toma apetecida.




FALO DE AREIA

Sobre as ruínas
o erguer de uma garganta
que se estende pelo mar.
Do largo
enxergo os teus cabelos
em volta
de um Falo de areia sibilina.
Suculentas sobras
no aconchego
de uma fiel imagem.




ENTRE PINHAIS E MAR

Um pouco antes da idade
eram nossos
os dióspiros e os pêssegos roubados.
E o adro da igreja.
Tudo que mexia
entre pinhais e mar.
Não sabíamos que não sabíamos,
soubemos depois
Ge longe.
Quando perdemos de vista
as quelhas e os currais.
E a bandeira hasteada
na Junta de freguesia.
Para além da nossa terra
só enxergávamos o sonho.




À SUPERFÍCIE DE EXCLAMAÇÕES

A pele que então trazias
era toda a da lagoa
na quietude da impunidade.
Tempos de céu aberto
anteriores à esférica relutância.
«Os olhos te atraiçoavam
era neles que me despias!»
me dirias mais tarde.
Tudo se passava
à superfície de exclamações
ainda sem palavras.
A idade do tempo
assomava à nudez das coxas.




NOS MEUS DENTES DE INVERNO

Seguro
o teu nome
letra a letra
nos meus dentes de inverno.
Do arco do teu corpo
resta a cintura
em minha boca apertada.
Efervescências
nas sombras que me avivam.




DESCI À ANSIEDADE DOS PÁSSAROS

Eram tempos de conspiração
sem sabermos
contra a nudez
dos gestos em expansão.
Era nosso
o abismo dos voos caprichosos.
Desci as tuas meias
e as tuas calças.
Desci à ansiedade
que te molestava os olhos.
Um estertor profundo
acabou no teu peito.




A LUZ QUE RESTA NESTA MARGEM

Assoma aos dedos
até se incendiarem
brancos
nas minhas sombras.
Queima a luz
toda
que resta nesta margem.
E deixa que se derrame
impetuosamente
a nossa efemeridade.




...NÓS DE LÁGRIMAS E NEURÓNIOS

Chamavam-lhe a «Feira dos Moços»
porque os moços se vendiam
com os legumes e o gado
em Santiago de Custóias.
Que sabíamos nós
de lágrimas e neurónios?
Sedutor
o espectáculo!
Os moços
saltavam de alegria
se eram vendidos.
Para esses olhavam as cachopas
eram os mais válidos.
No regresso
alguma coisa me perturbava
e não te soube dizer o quê.




O REGRESSO DA MINHA BOCA

Nos teus olhos
mortos
uma luz bruxuleia
denunciando arquivos.
Envolve-te
um silêncio de cópula
recentemente terminada.
Abandonada
à tua nudez total
sob a protecção dos meus olhos
não sonhas
o regresso da minha boca
aos teus mamilos
inchados de ventos.




COM O SANGUE ACIMA DOS JOELHOS

Caminhávamos pela inocência fora
já com o sangue acima dos joelhos.
Atraídos pela diferença
assaltámos a manhã
com os olhos estremunhados.
A voz caseira ainda dormia.
Reclinámos o rosto na linha
que não sabíamos ser do horizonte.
O teu sorriso
desgarrado
abriu-se numa pétala vermelha!




HÁBITOS INSEPULTOS

Uma palavra puída
te cobre o corpo
de hábitos insepultos.
Apagado
o diâmetro
do perímetro do fogo.
À deriva
um silêncio perpétuo
(parece)
sob a minha guarda.




ENTRE ALGODÃO E FACA

No acordar dos répteis
abduzo o néctar dos teus ombros
onde amanheço
com os primeiros raios da memória.
Expressão matutina
no enfolque das aves.
Deleita-te
depois
um querer sonâmbulo
entre algodão e faca.




NA DOÇURA DE UMA RAIVA

Hoje
visível temos só a cinza
que cobre a tarde
onde ficaram as noites estreladas.
Intocáveis
contudo permanecemos
na doçura de uma raiva
de que vivemos.
Até quando
esta resistência decrépita
na cave da nossa voz?




A PRAIA SEMPRE CÚMPLICE

O verão tinha abortado
apanhando-nos de surpresa
na nossa hibernação.
Não sei do mês
perdido
entre tantas recordações.
Procurámos a praia
sempre cúmplice
das nossas fugas incontidas.
Quiseste que os bicos
dos teus seios
refrescassem na minha boca
submersa na sede.




NUA FOSTE A IDEIA QUE POUSOU NA CARNE

Algumas folhas secas
ainda resistem
ao tufão do tempo.
Como apagar
a caligrafia inclinada
do teu dorso
se te espremia as veias
até cerrares as pálpebras?
Nua
foste a Ideia
que pousou na carne.




O SABOR DO MEDO

No fim do ano escolar
com a passagem ainda no segredo
a classe demandou o campo.
O professor parecia um homem
sem óculos e sem ponteira.
Um passeio amerendado
de fraternidade e botânica.
Atrás de um silvado
colhemos o sabor do medo.
E tu gostaste.
Tinhas a cara toda rosada
e pesarosa
desabafaste:
«Temos de regressar.»




NO FUNDO DOS ANOS

Ainda me estremece
no fundo dos anos
a tua saliva na minha boca.
Tempo outro na órbita do tempo
da nossa romagem
a gestos decretados.
Sinto a tua presença
nesta cisterna rota
que abasteceu a nossa sede
de volúpia
onde cresceram os nossos dedos.




PRBFERI A VIOLÊNCIA DO TEU SILÊNCIO

Esperei no teu corpo ausente
trancado
sem uma chave.
Apareceste com o recolher do gado.
Não disseste uma palavra.
Sentaste te
sobre os calcanhares
na minha frente.
Não trazias soutien:
na blusa aberta
a idade em tuas mamas.
Nada te perguntei
até hoje.
Preferi a violência do teu silêncio.
Nunca foste tão assanhada!
E tão doce!
Que ocultaste em tua raiva?




SÃO TUAS AS UNHAS CRAVADAS NA ESPUMA

Um sabor do fundo
une-te as pestanas
protegendo os olhos
de tudo.
A luz fecunda
queres intensa

São tuas
as unhas cravadas na espuma.




NA TUA BOCA A MINHA LUZ REDONDA

Na tua boca
a minha luz redonda
se amanhece.
És a mais obstinada
das fúrias transparentes.
É em ti
que se apaga a última estrela.




INSOFRIDA ENTRE TORTURAS DE SANGUE

Ainda hoje
(que hoje?)
passo os lábios pelas marcas
deixadas no teu corpo
a descoberto.
Sentias-me todo
(chegaste a confessar)
se te abria as coxas
a meus beijos
humedecidos em insónias.
Nunca protestaste.
Chegar à dor
de uma chama líquida
te mantinha insofrida
entre torturas de sangue.




COM A BOCA CHEIA DE TERRA

A rega sacudia a manhã estremunhada
nos pulsos cortados pela noite.
A excitação da passarada
ia retouçando de galho em galho.
Eu falava com as pedras
com as plantas com os animais.
Nunca to disse.
Tinha receio do teu desprezo.
Contudo
era assim que te amava
com a boca cheia de terra.




NAS MINHAS FEBRES DE PONTA

Ouço Mozart
nos meus ouvidos de retiro.
Uma orgia de sons
me devolve a tua garganta
à plenitude do delírio.
Amadeus fecha-me os olhos
com uma brisa
que escorre
entre o belo e o trágico.
É assim
Wolfgang
erguendo o tempo dos teus gémeos
impunes
nas minhas febres de ponta.




DELEITA-ME VER-TE ASSIM PRISIONEIRA

Entregas o teu silêncio
à sede da minha língua
ferida pelo fogo.
Deleita-te o ímpeto
que cresce
de surpresa em surpresa.
Deleita-me
ver-te assim prisioneira.




ATÉ AOS PÉS ÉS TODA FRÁGIL

Entregas o pescoço
à minha boca.
Até aos pés
és toda frágil.
Sabes que eu sei
mas ambos ocultamos.
Simulamos.
Queremos a surpresa da intriga
que nos prende
até que o nó se desate.




A ETERNIDADE NO QUE HÁ DE MAIS EFÉMERO

Revelavas intocáveis
as fibras dos milénios
quando pousei
o desejo nos teus dentes.
Um campo magnético
nos surpreendeu
na forma de uma concha.
A eternidade foi espanto
e ambição
no que há de mais efémero.




FALO DO TEU GATO

Falo do teu gato
sempre aceso no teu colo
sempre que eu chegava.
Mal me via
punha as garras no olhar.
Ele sabia que o deixavas
e que regressavas tarde.
Reflexos que me assanhavam
quando eras minha e o ribeiro.
Ciúmes?
Pobre felino!
Dele são minhas saudades
também
como se de mim as tivesse.



O DELÍRIO DAS PALAVRAS BRAVAS

Enches de imprevistos
os teus seios
na minha boca
ferozmente doce.
Procuras o delírio
das palavras bravas
não pronunciadas.
Tão expostos
os segredos da tua carne!




NO RENDER DOS VENTOS

No render dos ventos
vasculho os arquivos da seiva
as raivas sem ódio.
Uma insistência terminal
no cair das palavras
dolorosamente consumidas.
Onde seremos
no maior dos silêncios?
Tantas vezes me disseste
«Para sempre»!
Que intuías
quando me pedias: «Despe-me»?
Intuías?
Ou era uma maneira de dizer
em que te escapava tanta coisa?!




HASTE DE ESPUMANTE

Estertor cavo
de medos secos
surpreendidos.
Na noite branca
aberta como um cardo
numa haste de espumante
incontida.
Que fogo
habita as nossas caves?




CÃES SEM DONO ENTREGUES A SUAS PATAS

Deixa-me lembrar-te
os fins-de-semana
agrestemente despudorados.
Os teus seios
ainda incautos
inspiravam-me os poemas
que te declamava
sem palavras.
De costas para a idade
os velhos
saboreavam o vinho e a sardinha.
Como esquecer esse pinhal
de cães sem dono
entregues a suas patas?
Corríamos a tarde inteira
sem sabermos da indiferença
com que agora corremos para tudo.




CEDES AO SILÊNCIO INSUPORTÁVEL

Segregas a cedência
imperecível
sob ameaças imprecisas.
Dobra-te a promessa
que te arrasta
impiedosa.
Cedes ao silêncio
insuportável
no teu sexo de algas.




ERA CEDO DEMAIS PARA A SOLIDÃO

Sempre nos perseguiu
a vingança
sem o sabermos.
Era cedo demais para a solidão.
Éramos de iodo e resina.
Inesperadamente
o tempo chegou à idade
com seus mandados de busca.
Foi selada a nossa liberdade
e dela
só então tivemos conhecimento.
Na morte
afinal
provávamos a vida.




NA IMINÊNCIA DE UMA RUPTURA EFERVESCENTE

Circula nos teus olhos
atraiçoados
a iminência
de uma ruptura efervescente.
Destilas a sede
nos reflexos da alma.




CONHECEMOS A IRA DAS ESPUMAS ADIADAS

Não aguentavas

na secura das tuas coxas
as minhas palavras frescas.
(foste sempre insaciável!)
Da cancela do teu quintal
alguém chamou por ti.
Foste c voltaste.
Eu esperava
sem alternativa na minha sede.
Conhecemos a ira
das espumas adiadas.




NO TEMPO EM QUE ME ACORDAS

No tempo em que me acordas
O aguadeiro é símbolo da cidade
puxada por carros e carroças.
Por que me trazes
esse pregão
Tão fresco agora?
E dizias-me
Já sobre as forças gastas
que te esqueceria
em qualquer canto da tarde!




OLHO PARA TRÁS PELO ÂNGULO DO TEU ROSTO

Olho para trás
pelo ângulo do teu rosto
clandestino
nas minhas ejaculações
de luz
onde te preservo
intocável e secreta.




NUMA VERGONHA DEVASSADA

Éramos adultos
(assim o pensávamos)
tínhamos a altura
de uma intimidade já avançada.
Percorremos o arraial
as fluídas iluminuras
de mãos unidas
numa vergonha devassada.
No entanto
ninguém nos enxergava
no fundo dos nossos 15 anos.
Já tarde
levei-te a casa
sem vincos no vestido.
Assim também gostavas!




UMA GRINALDA DE ÁGUA NUM VÉU DE FÊMEA

Deixas os cabelos
entrançados
no silêncio da minha boca.
Uma grinalda de água
te sustenta a face
num véu de fêmea.




QUISEMOS SER BICHOS

A bicha
aceitava o furor do macho
com os dentes no cachaço.
Coisa banalíssima
nos nossos percursos estafados.
Quisemos ser bichos
natureza brava.
Nu dia seguinte
abriste a blusa
e num sorriso cândido
mostraste-me as negras.
Deixaste escapar uma vaidade
que escondi para sempre
sem o saberes.




ONDE PÁRAS COM TANTA LUZ NA BOCA?

Onde paras
com tanta luz na boca?
De que mortes
é feita esta distância?
Atravessas o relógio da cidade
de costas para as palavras
que incendiaram a nossa garganta?
Ou
é teu ainda o Lugar
dos pássaros e dos peixes?




POUSASTE A CABEÇA NO MEU ESPANTO

Um dia levei-te uma flor
colhida de passagem pela bouça
num amarelo fresco matutino.
Não sabia
que um gesto tão pequeno
nascido de um acaso
te dilatava tanto os olhos.
Nada disseste.
Apenas uma lágrima
que nunca decifrei
te elevou o rosto.
Pousaste a cabeça no meu espanto.
Só me pedias beijos!




POR QUE FICASTE TÃO FELIZ SEM NADA?!

A chuva nos detinha
no olhar caído na vidraça.
A enxurrada nos levava
no plano de sol traçado
de véspera.
Com o braço nas minhas ancas
desceste os dedos
a encher de sangue a minha sede.
Fiquei hirto
até sentires na tua mão
a flor branca
colhida na minha alma.
Por que ficaste tão feliz
sem nada?!




QUANDO ILUMINARMOS AS COPAS DAS SOMBRAS

Os dias
terão a cor do nosso sangue
quando iluminarmos
as copas das sombras
plantadas
nos quintais das nossas casas.
Os medos
não resistirão à violência
da manhã nas tuas coxas.




FALTAM-ME OS PREGÕES

Faltam-me os pregões
cios ovos e da carqueja
e a lá das algas!
Falta-me o chato do teu gato
E a chata da tua mãe
que eu tanto amava!
Falta-me a tua voz
periódica:
«Hoje não pode ser!»
Saudade?
Ou simples orgasmo
sem conteúdo?




TUDO DEIXAREI NOS LUGARES PRIMEIROS

Regresso à sombra todos os dias
sem o menor azedume na minha boca
que conservo
tal como a deixaste
com u último beijo.
Procuro a imunidade
a perfeição
da renúncia total.
Nada me levará a morte.
Nem o amor nem o ódio.
Nem um traço da tua imagem.
Tudo deixarei nos lugares primeiros.




FILHA DA NOITE

«Nada saberás da noite!»
terá dito alguém
no princípio.
«A noite habitará a luz
e não a verás!»
terá acrescentado.
Filha da noite
disseste «Sou toda tua!»
como se eu acreditasse.
E era verdade!
Na minha memória
guardo o rigor dos teus detalhes.




PREPARADO PARA A PLENITUDE DA AUSÊNCIA

No teu corpo
esgotei todo o furor dos meus lábios.
Provei toda a humidade.
Estou preparado
para conhecer a ausência
na sua plenitude.




NÃO HÁ LEIS FORA DO OVO

Que o milho cresça
nas nossas coxas
com raízes numa urgência.
Que o sol penetre
o mistério das aparências.
Só somos nós
se somos frágeis.
Não há leis fora do ovo.




ENTRE AS COXAS APERTAVAS A MADRUGADA

Entre as coxas
apertavas a madrugada
suspensa do hímen.
Nada sabias
da falsa resistência
nos cristais do sangue.
Nem dos voos
esconsos
no horizonte
que te esperava pela resina.




ATRAÍA-TE A HERESIA

Querias saber dos animais
dos seus retiros
da sua palha.
Dificilmente suportavas
o abismo
da razão dos preconceitos.
Atraía-te a heresia
as doutrinas apócrifas.
Possuía-te a fúria
das manhãs livres e calmas.




O NOSSO REFÚGIO É UMA SEMENTE DESPROTEGIDA

Hidrângeas
arqueadas de soro
enchem o horizonte
numa palidez romântica.
Uma névoa de mofo
envolveu os olhos.
O nosso refúgio
é uma semente desprotegida.




HÁ VEIAS ERIÇADAS SOB A TUA FRAGILIDADE

As olheiras vincadas
fazem parte do teu rosto
de solicitação diária.
Há veias eriçadas
sob a tua fragilidade.
Não há noite
que sacie a minha sede
de experiências novas.




NOS ARREPIOS DA NOITE

O instinto me conduz
registado
nos caninos monteses
que disputam labaredas
aos incógnitos ímpetos.
De faro em faro
ejaculo a sede
nos arrepios ria noite.
Simulas a presença
Nas minhas mãos vazias.


© Joaquim Matos, A Idade do Tempo, Porto, 1997.


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