José Leon Machado

Literatura


HERÓIS DO CAPIM

de José Leon Machado

Mais um batalhão segue para Moçambique, a continuar a guerra que teimava em durar. Dele fazem parte um alferes miliciano e um soldado que mal se conhecem. Deixa o alferes para trás a noiva, uma estudante de Medicina, e entrega-se a paixões transitórias e a congeminações imprudentes. O soldado, casado e pai, procura sobreviver numa paisagem estranha, entre bichos e plantas hostis, caminhos minados, emboscadas, sol e cacimba. Na metrópole, a noiva de um e a esposa de outro sobrevivem no vasto lago de medo, de preconceitos e miséria, guiadas pela força que as caracteriza e pelo amor.

capa de 'Heróis do Capim'

Título: Heróis do Capim
Autor: José Leon Machado
Género: romance
Edições Vercial, 2016
N.º de páginas: 414
ISBN: 978-1523472987
Suporte: papel e ebook

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Recensões críticas e opiniões sobre a obra:

Temos aqui um bom romance histórico, dotado de ação e de interesse humano, além de ser oportuno, porquanto os acontecimentos históricos que relata ainda se encontram vivos na memória coletiva. Os diálogos são particularmente vívidos e expressivos, e levam bem a sua parte da história. Alguns, como o das duas mulheres que comentam a passagem da Irene e a sua recolhida pelo Jaime em seu automóvel, são divertidíssimas, reveladoras de um tipo de comportamento social. Portanto, no conjunto, o romance tem garra, excita a curiosidade do leitor.

Milton M. Azevedo, janeiro de 2016


Heróis do Capim, romance histórico de José Leon Machado, assenta numa narrativa em que ganha relevo a crítica contundente a um dos momentos conturbados da História de Portugal, a Guerra Colonial, concretamente em Moçambique, na década de 60, traduzida numa escrita simples e concisa, eivada de termos de cariz popular, bem como de gíria militar e académica. O autor conduz-nos, num enredo paralelo, através do conflito armado no interior de Moçambique, pelos meandros da sociedade portuguesa bracarense e pelo meio académico coimbrão, numa história em que a angústia alterna com o hilariante, como é o caso do diálogo entre André Ferreira e o irmão, quando este o aconselha relativamente aos cuidados a ter para não engravidar a mulher na noite de núpcias, ou as aventuras amorosas do Lanhas, envolvendo-nos a tal ponto que se torna quase inviável interromper a leitura.

Ao contrário de Memória de Estrelas sem Brilho (2008), memórias das vivências e emoções dos combatentes portugueses nas trincheiras da Flandres aquando da Primeira Grande Guerra, Heróis do Capim, numa perspetiva muito mais abrangente, focaliza a vivência feminina na metrópole com o mesmo grau de importância decorrente de todas as situações da vida dos militares em Moçambique e, quanto a mim, o grande mérito deste livro. "Na metrópole", diz o narrador, "a noiva de um e a esposa de outro sobrevivem no vasto lago de medo, de preconceitos e miséria, guiadas pela força que as caracteriza e pelo amor", Alexandre e Irene, noivos, e Ferreira e Arcília, casados e pais. É precisamente no enfoque dado ao relacionamento destes casais obrigados à separação que a trama se adensa. Mais que a característica história de guerra e do dia-a-dia dos combatentes no mato, são os sentimentos, problemas, em suma, as vivências destas duas mulheres, metáfora da vida de todas as mulheres que viram partir os seus homens para um futuro incerto devido uma guerra inútil, que mais prendem a atenção do leitor.

Outro aspeto crucial, normalmente marginalizado, é o realce à componente sexual feminina e a relação com os seus companheiros. A distância física é fator de aproximação ou de esclarecimento. Irene, futura médica, constata viver um noivado fruto da amizade de infância e apaixona-se por Jaime, assumindo o seu desejo por ele numa entrega sem tabus.

Salientam-se, também, ao longo da obra, outras temáticas, quiçá ainda hoje polémicas, como a visão do lesbianismo na época e os excessos das praxes académicas em Coimbra, o despudor do negro e a concupiscência do branco.

Em suma, esta obra constitui-se como uma contribuição de relevo para o panorama literário português, denotando-se um trabalho de investigação de elevado mérito no que concerne quer ao enquadramento histórico quer ao social e cultural do país. Heróis do Capim é um romance que cativa e agarra o leitor até à última palavra.

Maria Rui Costa, fevereiro de 2016


Os diálogos vivos de Heróis do Capim conferem-lhe realismo. A obra desperta curiosidade: queremos saber o que vem a seguir. Aborda alguns problemas ainda atuais: as empregadas fabris que não têm onde deixar os filhos, o fraco ordendo das mulheres, o malefécio dos mexericos familiares... E algo em que eu nunca tinha pensado: muitos militares desaparecidos não estavam mortos, nem tinham desertado; tinham sido raptados. Gostei.

Octávio Pereira, janeiro de 2022


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